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A questão fundamental…

Editorial

A questão fundamental que actualmente se coloca à região do interior da Beira, reside na dimensão da sua competitividade, ou seja, na forma como se posiciona face à globalização a que assistimos.

A questão fundamental consiste também em saber, como é que uma região com baixos índices de investimento, assente numa lógica individual ausente de pensamento estratégico e consertado com outras iniciativas de carácter estruturante e colectivo, poderá fixar e atrair a população; reforçar a presença dos que possuem maior poder de compra; captar e manter unidades produtivas e actividades económicas de maior valor acrescentado e ainda, como é que poderá competir com outras regiões do país na obtenção dos meios e financiamentos que permitam alavancar a economia regional.

A resposta a esta questão, dirão alguns, passa pelo incremento da oferta turística (há quantos anos ouvimos nós dizer que o futuro da região passa pelo turismo…!?), pela valorização dos produtos endógenos, pela cultura, pela floresta, etc, etc.

Mas a questão fundamental continua sem resposta…

Não basta que um município da região abdique de uma parte do IRS a que tem direito em benefício dos seus munícipes, não basta que um outro município decida pela atribuição de subsídios à natalidade, não basta ainda que um terceiro município não aplique a taxa de derrama às empresas, não basta decidir de forma desgarrada e individualista…

A resposta à questão fundamental, resulta, isso sim, de uma alteração de mentalidades, de um espírito colectivo inter-concelhio, de um pensamento estratégico comum/regional, da definição de planos de desenvolvimento regionais competitivos, sustentados e com “olhos no futuro”!

Só cooperando, juntando as forças, diminuindo as fraquezas e alcançando dimensão crítica, se poderá pensar em desenvolvimento e em competitividade regional. Se actuarmos isoladamente, nada, ou muito pouco, conseguiremos (apenas a ilusão de que estamos a evoluir, mas para onde?). O desenvolvimento da região passa também pela criação de infra-estruturas transversais a todos os concelhos de forma a beneficiar todos e não apenas um ou outro. A construção do IP2/AE Douro Interior é o melhor exemplo disso.

Assim, é necessário que os municípios da região e outros agentes de desenvolvimento percebam, que devem criar-se condições e mobilizar esforços, através de lógicas de complementaridade, sem perder a sua identidade individual devendo no seu conjunto afirmar-se face a outros territórios, sobretudo pela via da especialização e distinção de modo a promoverem a competitividade da região.

Por: Rogério Tenreiro

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