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A propósito de estudantes e cadeados

Saliências

Eu não gostei de ser estudante. Não gostei da academia expositiva, da agremiação das aulas por sebentas, da infinita quantidade de gente sem mérito que passava por importante, com ínfimos poderes convertidos em broncos direitos. Essa Universidade que conheci e continua igual, com outros a realizar os velhos hábitos, com aulas preparadas há vinte anos repetidas sem diferenças, impávidas à evolução, com pouquíssima investigação, sem moldes, sem modelos, sem métodos fiscalizados, sem nada protocolado além da rotina do café. Essa Universidade que deteriora imensos talentos, que subjuga fascinantes vontades, que atrapalha por vez de evoluir, que exerce funções estanques, de costas viradas manteve-se igual. De tudo isso não fala o jovem Salgado que adora ser estudante. Ser estudante é pagar quarto, é comprar material didáctico, é pagar refeições fora de casa, é crescer como cidadão, lavar um espaço que é nosso, repartir uma cozinha, não sair da casa de banho com ela imunda. Mas tudo isso é sustentado por gente trabalhadora que quer ver os filhos formados. Os pobres sempre souberam levar os seus filhos melhores à cultura. O rapaz era esperto e por isso havia sempre alguém na terra ou um subsídio que o levava a doutor. O difícil é controlar os filhos piores dos ricos que também vão a doutores com pouco mérito. A acção social escolar garante a chegada de muitos às bolsas.

Os cadeados nas portas revelam um Reitor carregando um complexo de esquerda e uma carga de polícia que fica por dar. Os cadeados demonstram a provocação deselegante de quem não tem reivindicações sérias. As propinas são um motivo alimentado por alguns para a instabilidade que perpétua os medíocres.

Por: Diogo Cabrita

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