O aforismo “dura praxis sed praxis” (a praxe é dura, mas é a praxe) é bastante revelador daquilo que as praxes significam. Como estudante universitário, que foi praxado, refuto totalmente o argumento da integração: onde é que passar horas de joelhos é integração? Onde é que fazer flexões é integração? Onde é que gritar brejeirices sem nenhum sentido é integração?
Acredito, isso sim, que as praxes são um ato de humilhação a que os caloiros são sujeitos por parte dos estudantes mais velhos. Os estudantes que acabam de entrar no ensino superior, muitos dos quais a viver numa nova cidade fora da sua zona de conforto, aliado à pressão que é exercida sobre estes para a realização das praxes, conduz a que a grande maioria realize as praxes. No entanto, também acredito ser possível que nalgumas instituições de ensino superior isto não aconteça e a praxe seja feita de forma lúdica (para todos, e não apenas para os “praxantes”) e até pedagógica.
E qual a solução? Creio que a abolição das praxes é algo inexequível, já que estas, na sua grande maioria, são praticadas fora dos campus universitários e por isso fora de controlo por parte das entidades que poderiam ser reguladoras. Entendo, por isso, que o caminho passa por uma forte política de sensibilização por parte das instituições do ensino superior com o intuito de alertar os novos estudantes de que as praxes não são obrigatórias e, também, por uma profunda reflexão da nossa parte, estudantes, já que a geração mais qualificada de sempre não pode compactuar com este tipo de atividades mas deve sim repudiá-las.
* Título da responsabilidade da redação
Fábio Santos, estudante universitário