O Professor Sousa Franco, 1º candidato da lista socialista ao Parlamento Europeu, tem uma orelha com defeito. Feitas as contas, tem só uma boa, de um dos lados da cabeça. Provavelmente, algumas das pessoas que lerem esta crónica, tomarão contacto com esta realidade pela primeira vez por que, não só nunca tinham reparado no pequeno detalhe, como não haviam detectado qualquer consequência comportamental do Professor Sousa Franco derivada da ausência do apêndice auricular. Quero com isto dizer que, a particularidade anatómica da pessoa não foi suficientemente evidente para, até ao momento, despertar qualquer curiosidade no mais comum dos mortais. Disse, até agora pois, como se sabe, a Dra. Ana Manso decidiu, num rasgo de brilhantismo político e sentido de oportunidade ímpar, chamar o pormenor anatómico do adversário para o debate pré-eleitoral. Sem se referir explicitamente à orelha do senhor, a Dra. Ana Manso acabou por colocá-la à frente dos nossos olhos, incluindo-a na temática das tertúlias a par do euro 2004, da inflação, da guerra do Iraque ou da vida sexual das alforrecas. Brilhante.
Radiante com a façanha que a atirou definitivamente para o estrelato, a vereadora do PPD não pareceu minimamente incomodada com o mal-estar que causou entre os seus próprios companheiros de partido. É que a coisa, para além do mau gosto evidente, pôs a nu a incapacidade deste tipo de “políticos” em arranjar matéria séria e credível para o debate; à falta de melhor, sai orelha. Quem parece não ter achado muita piada à genial intervenção da Dra. Ana Manso, foi o próprio cabeça de lista do partido, Dr. João de Deus Pinheiro que, olhando para o lado, parecia dizer: “Eu nem a conheço de lado nenhum!” A vereadora/deputada, presidente da distrital e madrinha da concelhia do PPD da Guarda, parece estar a atravessar o momento mais alto da sua carreira política; toda a gente sabe, no entanto, o que se segue aos momentos mais altos…!
Não há dúvida de que há alturas em que estar calado é uma qualidade e saber ouvir uma virtude, mesmo só com uma orelha.
Será que a asneira dá descontos fiscais?
Por: António Matos Godinho