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A obra de Jorge Luís Borges numa conversa informal

Biblioteca Municipal da Guarda acolhe conferência sobre um dos maiores escritores do século XX na próxima terça-feira

“Jorge Luís Borges e eu”. É com este tema que a Comunidade de Leitores Aperto Libro do Departamento de Línguas e Culturas da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai dar início ao seu ciclo de conferências não formais. O engenheiro espanhol Manuel Angel Alonso, radicado há vários anos na Guarda, vai ser o orador principal da «conversa aberta» que vai ter lugar na próxima terça-feira, pelas 21 horas, na Biblioteca Municipal da cidade.

Manuel Angel Alonso, engenheiro espanhol, que reside actualmente nas Amoreiras, às portas da Guarda, vai falar «livremente» sobre Jorge Luís Borges «sem um tema concreto», adianta Fernando Carmino, responsável pela Comunidade de Leitores Aperto Libro. Angel Alonso é uma «pessoa com uma cultura muito vasta e um óptimo comunicador», para além de ser pintor amador nos tempos livres. A conferência sobre a obra de Jorge Luís Borges assinala o início de um ciclo que se prolongará até Maio do próximo ano, com uma periodicidade prevista de três conversas por mês, cujo grande objectivo é «levar as pessoas a compartilhar o seu gosto por um livro ou por um autor», indica Carmino. Contudo, ao contrário do que normalmente sucede, não vai existir «qualquer formalidade», uma vez que se pretendem proporcionar «conversas abertas» a todas as pessoas que «gostam de livros e que queiram falar do livro ou do autor que mais gostaram», sublinha o docente da ESTG. Desta forma, a conferência «está aberta à participação de qualquer pessoa» que queira «trocar informação sobre um determinado autor ou livro» e «transmitir o gosto pela leitura», realça. De resto, o primeiro autor que vai ser abordado na conferência inaugural não foi escolhido ao acaso, já que a obra de Jorge Luís Borges, um dos maiores escritores do séc. XX, «é muito importante», além de ter tido «uma pequena costela portuguesa», relembra Fernando Carmino.

De facto, o escritor nasceu na Argentina, a 24 de Agosto de 1899, filho de um português e de uma britânica, adquirindo desde cedo um perfeito domínio da língua inglesa. Entre 1914 e 1921 residiu e estudou em Itália e na Suíça, passando ainda por Espanha. De regresso à Argentina fundou uma revista vanguardista intitulada “Proa” e fez crítica literária em diversas publicações. Com a sua crescente importância, estreou-se a dar conferências e aulas. Depois de se ter oposto ao regime de Perón, cujo populismo chocava a sua atitude conservadora e elitista, ficou totalmente cego em 1956. A partir dos anos 60, Jorge Luís Borges começou a ser reconhecido internacionalmente como um grande escritor, vindo a falecer aos 87 anos, em Genebra em 1986. Escritor com um estilo inconfundível, a sua prosa, aparentemente, despojada e fria, está carregada de sugestões. O rigor, a ironia e as associações de palavras são recursos que dominou com inigualável facilidade. Todas as suas peças literárias são breves e brilhantes, enquanto que as suas colecções de relatos demonstram uma estranha familiaridade com o insólito e o excepcional.

Ricardo Cordeiro

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