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A mudança

Editorial

1. Álvaro Amaro arrasou na Guarda! A vitória do PSD/CDP-PP, no passado domingo, foi muito para além do que os mais otimistas poderiam esperar depois de 37 anos de domínio socialista. O PSD/CDP-PP conquistou cinco vereadores contra dois do PS, depois de mais de doze mil guardenses terem manifestado o seu desagrado e cansaço de tantos anos de socialismo na Guarda. E em especial, como aqui escrevi na semana passada, depois de «oito anos de inépcia e incompetência» naquele que foi «o pior executivo que a Guarda teve».

O resultado de domingo foi um grito, um clamor, uma revolta contra a desolação, contra o marasmo, contra a inércia de um poder socialista que deixou a cidade inerte e o concelho refém do êxodo rural, da fuga de serviços, de empresas, de investimentos e de pessoas. A vitória do PSD/CDP-PP foi o triunfo do arrojo, do profissionalismo, do mérito e do “saber fazer” evidenciado por Álvaro Amaro.

Foi uma campanha de menos a mais, que começou com contrariedades, com as divergências internas provocadas pela rejeição de Manuel Rodrigues pela distrital do PSD (neste jornal, e para melhor esclarecimento dos leitores sobre os argumentos usados na distrital para a recusa da escolha do então líder da concelhia, já então se interpretava uma sondagem que colocava Álvaro Amaro como a melhor escolha para combater o domínio socialista, ainda que então, muitos dos que agora rodeiam o vencedor, nos atacassem por contribuirmos para a controvérsia e discussão das melhores opções). Mas Amaro começou aí o trabalho de formiga: uniu o partido à sua volta e seguiu uma estratégia de prometer muito sem se comprometer com (quase) nada, de aproximar e nunca hostilizar, de aproveitar o erro dos adversários e de impor um alto ritmo de campanha. Tirou vantagem da cisão do PS, primeiro, e depois viu como o PS passou a ser visado como o verdugo dos “independentes”.

E preparou-se. No primeiro debate com todos os candidatos, na Antena1, ainda com Baltasar Lopes e Virgílio Bento, ninguém brilhou, nem Amaro, nem Bento, nem Igreja, todos com a mesma bitola e sem se imporem aos adversários. No último debate, duas semanas depois, no Altitude, tudo seria diferente: apareceu um Amaro dominador, liderando todos os momentos do debate, impondo a sua experiência e conduzindo a discussão pelos caminhos que mais lhe interessava. Tudo ao contrário de José Igreja, que não se preparou, que não conhecia os dossiês, que não tinha argumentos para responder às questões levantadas (e passou um mau momento quando Amaro, frontalmente, atacou a candidatura do PS de ter manipulado uma gravação com declarações do candidato do PSD/CDP-PP sobre o hospital, uma “montagem” que os socialistas terão posto a circular nas redes sociais e terão usado nos comícios para vexar o candidato laranja quando este falava de «mais miolos e menos tijolos». O logro foi descoberto e Igreja, a partir desse momento, não existiu mais no debate). Os últimos dias foram, pois, avassaladores para o PSD/CDP-PP que teve melhor organização, contou com o demérito do adversário, e também com circunstâncias favoráveis como o anúncio do despedimento coletivo na ADDECO. O call center que Joaquim Valente anunciou há quatro anos, poucos dias antes das eleições, caiu como uma bomba na campanha deixando o PS desorientado e sem capacidade de resposta. Os muitos indecisos e os “órfãos” de Bento podem ter esperado até ao último momento para decidirem a intenção de voto, mas perante tudo o que viram e ouviram, em especial nos últimos dias, preferiram eleger o “homem que não é de cá” mas que foi muito mais «arrojado», profissional e competente. 37 anos depois, os guardenses disseram que estavam fartos do PS, só os socialistas continuam sem perceber porquê.

2. Como se depreendia, a divisão no seio de PSD da Covilhã, com a concelhia a apoiar Joaquim Matias enquanto muitos sociais-democratas preferiam Pedro Farromba, seria determinante para beneficiar o PS e eleger, finalmente, Vítor Pereira. O candidato do PS teve o mérito de ficar “sossegado” no seu papel enquanto, à direita, o PSD avançava contra Carlos Pinto sem perceber o peso que o ainda presidente tinha na sociedade. O PS ganhou e o PSD ficou em terceiro lugar.

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