Neste ano de comemoração do cinquentenário do Externato de São Pedro, houve o bom e o mau. Escola com tradição, cuja história é sobejamente conhecida(…).
O agrupamento de escolas de Vila Franca das Naves acolhe alunos das aldeias limítrofes dos concelhos de Trancoso, Mêda e Pinhel. No global, tem mais de 300 alunos. A questão que se põe agora é que não queremos ser absorvidos por um agrupamento situado em Trancoso. Esta escola tem história, tem resultados superiores às médias nacionais, já por várias vezes foi considerada a melhor do distrito da Guarda. Não temos casos de indisciplina por parte dos alunos, só bons motivos para manter as portas abertas.
Do relatório entregue pelos avaliadores externos, Dra. Alda Veloso, Dr. João Rocha e Dr. Joaquim Brigas, saliento os seguintes pontos:
*- Melhoria assinalável, no último triénio, dos resultados nos exames nacionais do 9º ano na disciplina de Matemática, superiores aos referentes nacionais nos últimos dois anos.
*- Trabalho desenvolvido junto das crianças e dos alunos com necessidades especiais, com impacto na melhoria das suas competências;
*- Diversificação da oferta e estabelecimento de parcerias e protocolos, como resposta às necessidades locais e como estratégias inclusivas, com incidência na prevenção do abandono e do insucesso escolar;
*- Articulação entre a educação pré-escolar e o 1º ciclo e entre este e o 2º ciclo que é potenciadora da sequencialidade das aprendizagens;
*- Processo de auto-avaliação consistente, que se traduz num bom conhecimento do Agrupamento relativamente aos pontos fortes e aos pontos fracos.
*- Esta escola é como uma família.
Esta vila merece a escola que tem, os alunos merecem sempre o melhor e, neste caso, o melhor é manter a escola a funcionar a 100 por cento. As instalações foram remodeladas há pouco tempo, tem um conjunto de salas com aquecimento, auditório, cantina, refeitório, bar, biblioteca, tudo com uma qualidade superior à media nacional. Mas com esta decisão, os alunos terão que sair de casa às sete da manhã e regressarem por volta das 18 horas (…). Toda esta realidade leva-me a perguntar por que se vai deixar tudo isto. Por que é que estes meninos têm que perder em qualidade de vida, em prol da contenção num regime de austeridade, quando depois outros esbanjam em carros, viagens, cargos ou reformas chorudas…? Isto são migalhas, mas para estes meninos e esta terra é muito. Se esta escola encerrar é a prova viva de que há dois pesos e duas medidas.
A senhora directora regional diz que a decisão está tomada (…). Os actuais lugares de direcção são extintos. O próximo ano funcionará na sede do agrupamento de Trancoso, criando-se um órgão de gestão transitório com os três directores agora demitidos. No final haverá eleições para o director do novo agrupamento. Ficando Vila Franca sem directora, sem os serviços administrativos e, futuramente, sem as turmas do 3º ciclo, por cá fica o espaço físico, vazio de alunos e de direcção.
Esta luta deve ser de todos os vilfranquenses para que no horizonte não esteja a morte lenta desta localidade (…). Manter esta escola aberta seria dar uma luz pequenina de esperança a quem tanto precisa de acreditar que ainda vale a pena esperar por dias melhores. Manter esta escola aberta seria premiar todos aqueles que, um dia, partiram para dar a sua contribuição valiosa no desenvolvimento do país, mas sem nunca esquecer a terra que os viu nascer e crescer, e a escola que lhe abriu horizontes.
Manter esta escola com autonomia seria como manter a independência de uma vila que tem tudo para se orgulhar do seu passado. Que tem tudo para poder progredir. Que tem tudo para continuar a sonhar. Não nos roubem esse direito.
Neste momento estão em aberto todas as formas de luta, lideradas pela Associação de Pais, para inverter esta situação. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para sermos ouvidos pelos órgãos competentes e responsáveis, mostrando-lhes o nosso desagrado pela decisão tomada e fazendo-lhes ver que as pessoas e os resultados contam e que, em primeiro lugar, se deve olhar ao interesse dos alunos, porque os meninos de hoje serão os homens do amanhã.
Maria Clara Correia, representante da Associação de Pais no Conselho Pedagógico, Vila Franca das Naves