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«A maioria deve-se à obra feita e à credibilidade da minha equipa»

Carlos Pinto, reeleito presidente da Câmara da Covilhã com 58,94 por cento dos votos

P – Esperava alcançar uma maioria tão significativa nestas eleições?

R – Sim. Sempre tive esta convicção pelas opiniões que ouvia e pela aprovação generalizada do trabalho que temos desenvolvido. E isso confirmou-se durante a campanha eleitoral. Quando se atinge votações de 68 por cento, como as que tive em 2001, é sempre muito difícil continuar a aumentar. Mas os resultados são formidáveis. Ganhámos 27 das 31 freguesias, temos 44 em 61 deputados na Assembleia Municipal e temos cinco em sete vereadores. É uma vitória em toda a linha e uma derrota do PS também em toda a linha.

P – Na sua opinião, a maioria absoluta deve-se à obra realizada nestes dois últimos mandatos?

R – Acho que se deve a dois factores importantes: à obra feita e à credibilidade da equipa que tenho liderado.

P – O facto de ter menos um vereador no próximo mandato poderá limitar o seu trabalho?

R – Não vejo em que sentido. Tenho cinco vereadores do meu lado, tenho mais presidentes de Junta e a maioria dos deputados na Assembleia Municipal. A perda de um vereador é um factor irrelevante.

P – Portanto, vai continuar a desenvolver o seu trabalho de forma tranquila…

R- Claro, mas chamando a atenção à participação de todos, tal como fizemos neste último mandato. Sempre que havia projectos em que se justificava, o vereador da oposição foi sempre chamado a dar a sua opinião e assim continuará a ser.

P – Há quem considere uma vitória, ou sinal de mudança, a perda de 2.600 eleitores…

R- Só por tolice é que se podem dizer coisas dessas, principalmente quando um partido, que tem pouco mais de 20 por cento dos votos, é derrotado por 58 por cento. Quando a minha candidatura tem quase 60 por cento dos votos e o segundo partido tem menos de 25 por cento, acho que está tudo dito. Mas temos que ter em atenção que a abstenção também aumentou. Acho que poderíamos ter o mesmo número de votos se a abstenção tivesse sido a mesma das eleições anteriores. Portanto, isso não é significativo.

P – Já pensou quem vai acompanhá-lo na próxima vereação?

R – As listas estão definidas, mas haverá sempre reajustamentos a fazer. Só me debruçarei sobre esse assunto quando tomarmos posse.

P – A presença de mais uma força política, nomeadamente o Bloco de Esquerda, na Assembleia Municipal intimida-o?

R – Quando se tem uma maioria de 44 deputados num total de 61, isso é completamente indiferente. Se essa presença contribuir para o pluralismo e enriquecer o debate, acho que é positivo. Mas nada mais do que isso. Até porque as democracias definem-se pelas maiorias e não pelas minorias.

P – Quais são as principais medidas a desenvolver neste mandato?

R – Durante a campanha, apresentei um programa com as grandes marcas deste mandato, que foi maioritariamente sufragado. É isso que vamos executar.

P – Mas tem alguma prioridade?

R-Todas as obras são prioritárias. Serão todas escalonadas nos próximos quatro anos e iremos fazer os possíveis para cumprir o maior número dessas propostas.

P – Na última entrevista que deu a “O Interior” apontou a criação de emprego como uma das maiores prioridades…

R – E continua a ser. Tudo o que diga respeito ao emprego e à criação de empresas vai ter uma grande preocupação neste mandato e já tenho algumas acções e medidas que serão levadas a cabo proximamente através de alguns instrumentos adequados a esse propósito.

P – Tais como?

R – Serão anunciados quando tomarmos posse, mas referem-se à necessidade de sermos cada vez mais competitivos e de captarmos investimento nacional e estrangeiro. Esta é a hora de tomarmos medidas inovadoras neste domínio.

P – Uma das suas grandes prioridades deste mandato é a criação de um terceiro parque industrial na zona do Terlamonte. Quando pretende avançar com esse projecto?

R – Agora vamos fazer a localização, adquirir os terrenos e só depois avançaremos com os projectos. Portanto, a obra apenas avançará lá para 2007.

P – Como está o processo da segunda barragem nas Penhas da Saúde?

R – Está dependente da abertura do estudo de impacte ambiental. Já entregámos o processo na Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e aguardo apenas que seja publicado nos jornais e que haja o período de discussão pública. Se tudo correr bem, então a Câmara estará em condições de avançar com o concurso público para a construção da barragem.

P – Obras como a barragem, o aeroporto e as acessibilidades são para desenvolver durante os próximos quatro anos?

R – Foi por isso que me candidatei.

P – Em bom ritmo está a empresa de recuperação de imóveis degradados, a “Nova Covilhã”?

R – A sociedade vai ficar instalada no edifício destinado ao Polis, quase a terminar, e será presidida pelo vereador João Esgalhado. Terá como vogais os engenheiros Leopoldo Santos e Jorge Vieira. Os órgãos sociais estão constituídos e neste momento já não haverá obstáculos para começar a trabalhar. Isto é, comprar, recuperar casas e depois vendê-las. Com esta empresa, vamos fazer um trabalho muito positivo nos centros históricos da cidade e das freguesias.

P – Esse trabalho começará a ser visível no próximo ano?

R – Acho que sim. O único problema que poderá haver é a dificuldade em adquirir esses fogos, pois nalguns casos há muitos proprietários e é difícil chegar a um acordo. Mas já temos em carteira 15 casas. Não tenho dúvidas que vai haver uma pequena revolução neste domínio, porque muitos jovens e idosos passarão a viver nestas casas recuperadas pela Câmara.

P – E que verbas utilizará para essa recuperação?

R – O financiamento resulta sobretudo do capital que foi constituído e daquilo que for gerado pela própria sociedade ao recuperar e vender as casas. E iremos aproveitar todos os programas do Instituto Nacional de Habitação.

P – A anulação da adjudicação do Centro de Artes, proferida na semana passada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, poderá travar a sua construção?

R – Isso não me preocupa nada. O que me preocupa é o facto do Ministério da Cultura ainda não ter aprovado a comparticipação. É que, mesmo que não haja problemas de natureza administrativa, não poderemos lançar a obra sem essa comparticipação em pelo menos 50 por cento. É um dossier que está muito dependente da tutela. Assim que tomar posse, vou pedir uma audiência à ministra para ver se resolve este assunto. Mas é certo que sem esse apoio não haverá Centro de Artes.

P – Como perspectiva a Covilhã daqui a quatro anos?

R – Espero que seja uma cidade com mais capacidade de atracção e de criação de emprego e empresas. Com mais equipamentos e mais qualidade de vida. E acho que vamos conseguir. Tudo o que iremos fazer durante os próximos quatro anos é aproveitar o bom que fizemos nestes últimos mandatos e lançar novas iniciativas para melhorar e tornar cada vez mais a Covilhã num centro urbano de grande projecção. Este mandato vai continuar esta linha e espero que o saldo daqui a quatro anos seja francamente positivo.

P – Em suma, pretende que a Covilhã seja uma das principais cidades do interior?

R – Não se pode desejar outra coisa quando se está à frente da Câmara. Por vezes, esse desejo pode ser artificial e irrealista, mas não no nosso caso. A Covilhã está no bom caminho para ser uma grande cidade, ainda maior do que é, e com uma actividade produtiva, universitária, social e cultural ao nível das melhores da Europa.

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