Arquivo

«A maioria das reclamações e queixas dos estudantes relacionam-se com os Serviços Académicos»

Cara a Cara – Luís Lourenço

P – Foi eleito Provedor do Estudante da Universidade da Beira Interior para os próximos dois anos. O que terá levado os alunos a escolhê-lo para o cargo?

R – Sou docente na Universidade da Beira Interior e antes no Instituto Universitário da Beira Interior, desde 1983. A minha licenciatura foi aqui concluída. Durante todos estes anos na UBI tenho assumido as mais variadas funções, desde presidente da Faculdade das Ciências Sociais e Humanas a presidente do Departamento de Gestão e Economia. Fui eleito no Senado, fiz parte da Assembleia Estatutária e fui membro do primeiro Conselho Geral. Assumi funções de diretor de curso de vários cursos do Departamento de Gestão e Economia. Tenho, portanto, uma vida de dedicação à UBI. Como docente, e nas várias funções que tenho assumido, tenho procurado não me esquecer de uma questão fundamental que é a razão da existência da universidade: os estudantes. É claro que existem outras “partes interessadas” no funcionamento desta instituição e a sua missão é diversificada, mas, de facto, sem alunos ela não existiria. Na minha atividade tenho procurado tirar as consequências lógicas e práticas deste raciocínio. Creio que os estudantes o compreenderam. Convém, no entanto, esclarecer que a proposta de nome para Provedor foi, de facto, apresentada pelos representantes dos estudantes no Conselho Geral e depois aprovada por este.

P – O que o levou a aceitar o cargo?

R – Depois de 39 anos de ensino, 30 dos quais na UBI, assumir o cargo de Provedor do Estudante é um novo desafio. Porém, e tendo em atenção o que afirmei antes, não significa um corte com aquilo que já fazia. Procurarei dar continuidade ao meu empenho na construção desta universidade, mantendo os princípios que me têm guiado agora com maior dedicação à defesa e promoção dos legítimos interesses dos estudantes da UBI.

P – Vai ser provedor em regime de exclusividade ou vai continuar a dar aulas?

R – Vou ser provedor em exclusividade. É isso que, de momento, estipula o regulamento do Provedor, mas é também o que, eticamente, considero adequado.

P – Quais são as suas prioridades nestas novas funções?

R – A legislação e os estatutos definem a missão e as funções do Provedor. Provavelmente, existirão assuntos a que terei muito rapidamente que dar resposta. Porém, aquilo que pretendo fazer é ter uma atitude proativa no sentido de evitar que problemas aconteçam. Sem procurar destacar nenhuma área, eu diria que em todas elas procurarei trabalhar para que as reclamações/queixas ao Provedor sejam mínimas.

P – Quais pensa serem os principais problemas dos estudantes da UBI?

R – Na UBI, como na generalidade das instituições de ensino superior, a maioria das reclamações e queixas dos estudantes relacionam-se com os Serviços Académicos. É natural, é o serviço com que os estudantes têm mais interação. Porém, por vezes fica-se com a sensação que os serviços propiciam essas queixas. Há que trabalhar, em colaboração com os serviços e os responsáveis ao nível da Reitoria, no sentido de criar as condições para que essas queixas diminuam. Estou certo que terei essa colaboração e espero ter uma boa relação com o reitor.

P – Vê-se como um fiscalizador?

R – Vejo-me muito mais como um facilitador de soluções. Os problemas existem para ser resolvidos. Se não for possível resolvê-los deixam de ser um problema. Mas é claro que se for necessário “fiscalizar” algo, assumirei em pleno as competências que tenho.

P – Como viu a recente polémica relacionada com as praxes? O que pode o provedor fazer para ajudar nesta área?

R – O assunto das praxes é algo complicado. Independentemente das posições pessoais que possa ter relativamente a esses “ritos de iniciação” a algo que é mais um pequeno passo no caminho para a vida ativa de um jovem do que a um estado, ao Provedor não pode ser indiferente os problemas que se possam vir a colocar. Para qualquer cidadão, para o Provedor portanto, são inaceitáveis práticas violentas e degradantes. Procurarei trabalhar com os responsáveis para que elas se não verifiquem. A existirem, as praxes devem ser integradoras, mas fundamentalmente integradoras na vida académica. Mas há algo que é importante referir. Existe o direito de recusar a praxe. Este será o Provedor dos Estudantes, não importa se são praxados, se praxam ou se recusam a praxe.

Sobre o autor

Leave a Reply