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A loja onde os móveis ganham uma segunda vida

Free Shop Megastore, na Guarda, aposta num novo conceito de loja, onde há usados e se deixam artigos à consignação

Na loja que Sónia Martinez abriu com dois amigos na Guarda, por sua iniciativa, cabem antiguidades e velharias, artigos de decoração, curiosidades, bicicletas holandesas e até alguns electrodomésticos, mas sobretudo móveis. São, na maioria, artigos usados. «Tudo em bom estado e a preços negociáveis», afiança a sócia-gerente, de nacionalidade espanhola. Grande parte dos móveis vem da Holanda e há alguns deixados pelos clientes à consignação, que se querem livrar deles para comprar novos, por se estarem a divorciar, em mudanças ou com dificuldades financeiras.

«As pessoas querem vender os seus móveis pelos mais diversos motivos», diz a gerente da Free Shop Megastore, aberta há menos de um ano, na Avenida dos Bombeiros Egitanienses. A residir na Guarda há sete anos, onde conheceu o marido e acabou por ficar, Sónia Martinez, de 36 anos, é licenciada em Ciências Políticas e decidiu montar o negócio com base em lojas do género que visitou em vários países europeus. Antes de se mudar para a Guarda, chegou a viver na Holanda, Bélgica e Inglaterra. «Foi lá fora que conheci o móvel usado, que é visto como uma alternativa», conta. Lançou o desafio a dois amigos guardenses e montou o negócio. «A consignação está em crescimento», refere. Daí que tenha decidido não se ficar pela simples compra e venda de usados.

«Este quarto de criança, por exemplo, custa apenas 700 euros», exemplifica Sónia Martinez, apontando para uma cama com colchão, um armário, móvel para televisão e escritório em pinho maciço. Parece novo. «O cliente deu por ele uns 2.500 euros há quatro anos», acrescenta. Outra das peças deixadas à consignação é uma pequena mesa oriental, de Macau, feita à mão, com desenhos em relevo e quatro bancos. Uma peça rara que está a 300 euros. A empresa aceita ficar com todo o tipo de artigos à consignação, mas não compra directamente ao cliente. «O que pode acontecer é o cliente entregar um artigo na compra de um da loja, abatendo no preço», explica Sónia Martinez.

Quem quer entregar uma peça à consignação tem primeiro de a submeter à avaliação dos responsáveis pela loja «para ver o estado de conservação e se precisa de ser recuperada», sendo que o «cliente decide depois a que preço o quer vender», conta a gerente. O espaço também restaura móveis. De acordo com Sónia Martinez, a Free Shop Megastore fica com uma percentagem que corresponde a «uma margem fixa», praticada pela loja em todo este género de negócios. Os produtos só ficam na loja dois meses, no máximo. Relativamente aos restantes móveis usados, são geralmente rústicos e comprados em espaços idênticos que existem na Holanda, pertencentes a Organizações Não Governamentais (ONG). São artigos doados, muitas vezes recuperados e depois vendidos. «Sei que uma percentagem daquilo que pagamos pelos artigos vai para a Casa de Santa Isabel (S. Romão)», refere. Na Free Shop Megastore, os preços são negociáveis e pode comprar-se um sofá de dois lugares em pele, por exemplo, por um valor que varia entre os 100 e os 200 euros.

No fundo do primeiro dos dois pisos da loja, há uma secção de novos de ocasião. Têm linhas modernas. Um dos artigos que se destaca é um conjunto de dois sofás vermelhos em pele, de três e dois lugares, à venda por 1.150 euros. Foi comprado directamente a uma fábrica que o fez por encomenda para um cliente dos Açores que, afinal, não o queria em vermelho. Quanto ao segundo piso, é um espaço que Sónia Martinez quer disponibilizar à cidade, principalmente «aos artistas que querem expor os seus trabalhos» ou para workshops. «É uma forma de dinamizar a loja», diz a gerente. Na calha está também a criação de uma secção de produtos usados na área da electrónica.

Sónia Martinez aceita todo o tipo de artigos à consignação

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