Foi confirmada, embora tardiamente e a poucas horas do começo da campanha eleitoral, a exclusão por parte do Tribunal Constitucional de todas as listas do movimento “A Guarda Primeiro” e as listas à Assembleia Municipal e à Câmara do movimento “Juntos pela Guarda” às próximas eleições autárquicas. Estas candidaturas só devem queixar-se delas próprias. A forma como procederam à recolha das respetivas assinaturas é de uma infantilidade política cujo resultado só poderia ser este.
É, no entanto, mau para a discussão de ideias, para a livre escolha por parte dos eleitores da Guarda dos candidatos que querem ver à frente dos destinos da autarquia nos próximos quatro anos, em suma, mau para a própria Democracia. Fica-se com a dúvida se, afinal, todos temos, de facto, direito a eleger e a ser eleitos.
Agora “o teatro das operações políticas” está diferente. Quem ganha com esta exclusão? Quem perde? A última sondagem de que se tem conhecimento já é o reflexo das consequências políticas da sentença do TC. O PS, embora com uma vantagem de apenas 0,5 por cento em relação à coligação PSD/CDS, parece ter ganho apesar de ter sido este partido a avançar com a impugnação em primeira instância das listas do movimento “A Guarda Primeiro”. A coligação, por sua vez, apesar de também ter capitalizado votos, provavelmente à custa daqueles que continuam a não querer votar no candidato que o seu partido, o PS, escolheu, não consegue, ainda, ser primeira. Mas há também um número para o qual temos que prestar atenção, que é o daqueles que não respondem ou não sabem, em suma os indecisos, 20,4 por cento. É para estes eleitores que os partidos têm agora que se virar.
A Guarda não pode continuar “À espera de Godot”. A Guarda precisa de ideias que alavanquem o seu desenvolvimento económico, que tirem partido da sua posição geoestratégica, que nos tirem deste marasmo que a governação socialista nos trouxe ao longo destes quase 40 anos. Precisamos daquele clique que nos coloque na senda de um progresso em que não vejamos os nossos filhos, as nossas gentes, abandonarem este concelho porque nada tem para lhes dar. A necessidade de desenvolvimento com a procura de investimento é um dos maiores desafios para o próximo presidente de Câmara?
Como é possível que esta autarquia seja um dos maiores empregadores do concelho e do próprio distrito? Como é possível que esta autarquia tenha um dos maiores “défices” financeiros do país? Com tal défice o que foi feito para se inverter este estado de coisas? Nada. Os últimos anos foram uma catástrofe.
Por isso, penso que a coligação tudo tem para poder ganhar estas eleições. Tem um programa, tem um cabeça-de-lista com provas dadas em termos autárquicos e tem uma Guarda cansada de tamanha inoperância, incapacidade, inaptidão e falta de visão estratégica para colocar de novo o nosso concelho na senda do progresso.
Porém, não tenho ouvido nos discursos de “promessas” dos candidatos nada sobre as obras que estão de momento em curso, será que conhecem os dossiers? Será que estão na disposição de agilizar rapidamente aquilo que teima em não ter fim. A Guarda está cercada de obras de arranjos exteriores em quase todos os bairros da cidade por terminar, nenhum das estradas municipais que sofreram intervenções está concluída e isto altera, em muito, a qualidade de vida do dia a dia dos residentes, visitantes e utilizadores na sua mobilidade. Há que dar fim a este projeto, há que dar fim a este tormento, há que terminar também este ciclo, que em tudo, mesmo nos timings, foi muito mal gerido.
A Guarda não pode, não deve, continuar à espera do que nunca chegou. A Guarda não pode continuar a ter um governo autárquico “bafiento”. A Guarda tem que esperar por um futuro de esperança, esperança no desenvolvimento da nossa terra e das gentes que aqui vivem. A Guarda precisa de uma mudança, uma mudança de protagonistas e de políticas.
Por: Cláudia Teixeira, Deputada na Assembleia Municipal da Guarda eleita pelo CDS-PP