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«A imprensa tradicional tem que se adaptar à nova realidade»

Futuro do jornalismo foi debatido na Universidade da Beira Interior por académicos, jornalistas e cidadãos

A forma de se fazer jornalismo tem sofrido alterações ao longo dos tempos e o avanço das novas tecnologias contribuiu para as mutações que têm tido lugar e que não deixarão de suceder. Estas foram algumas das principais conclusões do fórum “O Futuro do Jornalismo”, realizado na semana passada na UBI, onde académicos, jornalistas e cidadãos debateram uma carta de princípios, direitos e responsabilidades para o jornalismo do futuro. A iniciativa insere-se no projeto “Jornalismo e Sociedade” que está a percorrer universidades de todo o país.

A plateia ouviu Luís Baptista-Martins sublinhar que a função do jornalista não deve ser a de inventar, mas a «de perceber onde está a notícia, perceber o que está à sua volta e ter a perceção do que pode ser noticiável». O diretor de O INTERIOR encontra nas redes sociais «uma forma excecional e essencial de partilha dos nossos conteúdos, de modo a chegarmos a mais pessoas». Sustentou que os jornais «estão a conseguir resistir muito bem ao “choque” dos novos media e que com a web 2.0 há todo um universo de crescimento para os jornalistas». E defendeu ainda que «na imprensa tradicional temos que nos adaptar à nova realidade», referindo-se às várias funcionalidades que a web 2.0 oferece. Luís Baptista-Martins considerou que os sites dos jornais regionais devem disponibilizar «mais conteúdos do que reproduzir apenas o que sai na edição impressa», uma realidade que acontece, por exemplo, na página d’O INTERIOR com as secções de “última hora” e “atualidade”.

Também o diretor do “Jornal do Fundão” salientou as «mutações tecnológicas» que têm afetado o jornalismo e o «“mundo” que se abre com elas», tanto que «se alterou muito a forma de fazer jornalismo». Ainda assim, e apesar das transformações ocorridas, Fernando Paulouro garantiu que a «ideia de que a imprensa serve para explicar as coisas se mantém intocável». O responsável disse que o jornalismo «tem um caráter seletivo», que a participação dos leitores é «fundamental» e que «ainda não se descobriu a fórmula de fazer jornais sem jornalistas», ironizou. Por sua vez, Anabela Gradim, presidente do Departamento de Comunicação e Artes da UBI, salientou que «não é de hoje a crise de identidade e credibilidade do jornalismo», sendo que «a crise de confiança nos jornalistas anda a par com a crise na democracia». O projeto “Jornalismo e Sociedade” pretende reunir um conjunto alargado de jornalistas, académicos e cidadãos para discutir os problemas do jornalismo contemporâneo e projetar o seu futuro. O fórum da UBI foi o segundo realizado a nível nacional, seguindo-se agora o Porto, Portalegre, Braga, Lisboa e Faro.

Ricardo Cordeiro Luís Baptista-Martins (à direita) sustentou que os jornais «estão a conseguir resistir muito bem ao “choque” dos novos media»

«A imprensa tradicional tem que se adaptar à
        nova realidade»

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