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A Importância da “Literatura Portuguesa”

UMA DISCIPLINA NO CURSO DE HUMANIDADES

Estava – quase – no final do ano lectivo, no nono ano de escolaridade. Olhei, durante imenso tempo, para uma ficha informativa que discriminava a escolha de disciplinas para o ano seguinte. De Entre muitas, houve uma em particular que me chamou à atenção: “Literatura Portuguesa”. Que disciplina era esta, a qual eu nem sabia que existia? O que é que se podia aprender? Não sabia. E, por isso, fiz uma pesquisa na Internet, onde vi o programa, as obras que iria dar e que conhecimentos iria adquirir até ao final do ano lectivo.

Decidi arriscar e inscrevi-me, hesitante. Não sabia propriamente se iria abrir uma turma e, se abrisse, como é que o professor iria dar a matéria; se ia ser um desafio ou, o mais importante, se ia gostar. Na primeira aula, conheci a minha professora, a Dr.ª Maria Emília Costa, que nos explicou tudo sobre a disciplina, sobre as matérias que iam ser tratadas na aula, sobre o plano que iríamos seguir. Fiquei com altas expectativas e “mortinha” por começar.

Na disciplina de Literatura Portuguesa, o objectivo principal é um: adquirir conhecimentos através da leitura. E, por conseguinte, apreciar a Literatura, reconhecendo-lhe a sua função de valorização social, cultural, pessoal e ética, desenvolver o sentido crítico e aprender a escrever com fluência e correcção; ampliar o conhecimento dos contextos culturais de produção e de recepção das obras e respectivas contingências, reconhecendo o texto literário como objecto que transcende as suas circunstâncias; conhecer o passado no presente, observar o quotidiano das diferentes épocas, conhecer as diferentes correntes literárias existentes e, no fundo, compreender melhor o que é aquela coisa a que chamamos mundo.

Esta é uma disciplina bienal e insere-se no ramo das disciplinas da Formação Específica. Durante o 10º ano da disciplina, começamos muito tempo atrás, na Idade Média, onde nascem as primeiras formas de literatura, como as cantigas de amor, amigo, escárnio e maldizer. Depois, os Livros de Linhagem e a “Crónica de D. João I” de Fernão Lopes. De seguida entramos no mundo lírico de Camões e a seguir no teatro com a “Farsa de Inês Pereira” de Gil Vicente. Ainda na lírica, avançamos do Classicismo para o barroco, depois vem o Neo-classicismo. Por último, prendemo-nos a um dos maiores poetas portugueses, Bocage.

No 11º ano, retomamos o ponto que deixámos no 10º. Iniciamos com Almeida Garrett e com a sua colectânea de poemas “Folhas Caídas”. Depois, centramo-nos noutros poetas para, dentro do contexto, obtermos uma visão ampla do decorrer dos séculos. Ainda fixando a nossa aprendizagem em Garrett, entramos no teatro com a peça: “Um Auto de Gil Vicente”. Avançamos mais uns anos. Chega a vez de Camilo Castelo Branco e do seu “Amor de Perdição”. E é assim que, passando por Eugénio de Andrade e Vergílio Ferreira, percorremos as épocas, desde a Idade Média ao contemporâneo. Exploramos os mais variados autores, todos eles com uma história para contar.

Quero dar a conhecer ainda, a maior especificidade desta disciplina. É o “Projecto Individual de Leitura”. Um trabalho só nosso que tem como base a leitura de cinco obras de carácter nacional que podemos escolher entre muitas. Três narrativas, uma antologia poética e um texto dramático. O “Projecto Individual de Leitura” visa consolidar e valorizar as leituras de cada aluno, revelando preferências e diversificando os textos, criando um espaço lectivo (um terço das aulas de cada semestre) dedicado a leituras da escolha do próprio aluno e motivando um tempo de escrita e de partilha. A implicação do aluno na selecção dos textos favorece o envolvimento no que lê e responsabiliza-o.

Inês Tavares (11º F)

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