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«A Guarda precisa de investimentos reprodutivos»

Maria do Carmo Borges era presidente da Câmara quando O INTERIOR nasceu e recorda as obras dos seus mandatos

Dezassete anos depois, Maria do Carmo Borges consegue enumerar as obras concretizadas nos seus mandatos, mas confessa que fez «tanta coisa» que até se esquece de algumas. Na primeira entrevista concedida desde que saiu da ribalta política, a antiga presidente da Câmara da Guarda destaca «a melhoria das ligações das freguesias à sede do concelho, os equipamentos culturais e desportivos, a requalificação de escolas, o arranque da PLIE e o programa Polis».

Arredada de funções públicas desde 2009, Maria do Carmo Borges era presidente do município da Guarda quando O INTERIOR nasceu, um ano depois das comemorações dos 800 anos da cidade. A efeméride foi assinalada com pompa e circunstância e, como não podia deixar de ser, com muitas inaugurações. Da primeira fase da VICEG (Via de Cintura Externa da Guarda), às piscinas municipais, passando pela bancada do estádio municipal, pelo Jardim dos Delírios, pelo renovado Paço da Cultura e pela reabilitação dos antigos Paços do Concelho, onde funcionou a extinta Mediateca, a histórica socialista desfia obras e projetos, como o arranque da construção do TMG e da futura Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. Maria do Carmo recorda também que foi no seu mandato – foi eleita em 2001 – que o então ministro da Justiça António Costa assumiu «o compromisso» de construir as novas instalações da PJ na Guarda num terreno adquirido pela Câmara. «Fiz tanta coisa que até me esqueço», desabafa.

«O Abílio Curto fez a grande obra das infraestruturas básicas nas aldeias, pelo que quando cheguei à presidência da Câmara tinha que fazer outros investimentos na qualidade de vida das pessoas e foi isso que fizemos até 2005», considera Maria do Carmo Borges. Mesmo assim, a ex-autarca, que foi também Governadora Civil entre 2005 e 2009, admite que «há sempre muita coisa para fazer» e constata que os equipamentos que lançou «estão aí, a ser usufruídos pelos guardenses». Na Câmara, Maria do Carmo só lamenta não ter concretizado «a tempo» a plataforma logística de iniciativa empresarial, mas justifica os problemas que atrasaram o projeto com a sua «ousadia de mobilizar empresários da região e de fora» e também com «bloqueios externos, “mão alheia”, nomeadamente porque a Câmara não podia ser chefe de fila».

Já no caso das obras Polis destaca que a ideia do seu executivo, em 2001, era fazer «o maior parque urbano da região» na zona do rio Diz. Nesse sentido, recorda que a intervenção incluía, além do enorme espaço verde que foi concretizado, a construção do Museu da Água e do Centro de Interpretação da História de Portugal, bem como do Arquivo Municipal: «A Câmara adquiriu para isso os pavilhões da antiga fábrica têxtil Tavares, que ainda lá estão, tal como os projetos desses equipamentos», lembra Maria do Carmo. Quanto à malfadada “estrada do Barracão”, Maria do Carmo assume que a beneficiação desta via não foi feita na altura porque «custaria muito dinheiro para ficar bem feita, com as devidas e necessárias infraestruturas básicas». Irónica, garante que se «fosse só para por um tapete novo» também a teria feito. A antiga autarca recusa por isso as críticas aos executivos anteriores de nada terem feito. «É mentira. Temos obra e que os guardenses usam. Com a Câmara atual só se fazem festas porque há espaços para as poderem fazer, mas faltam os investimentos reprodutivos. Dizem-se com tanto poder, mas depois não há obra, veja-se o caso do Hotel Turismo», critica Maria do Carmo Borges. A socialista constata também que «comigo as pessoas começaram a regressar às aldeias, agora estão a abandoná-las».

«Fiz tanta coisa que até me esqueço», confessa a antiga autarca socialista

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