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«A Guarda morrerá sem ensino superior»

Constantino Rei assumiu presidência do IPG e garantiu que «mudança, criatividade, trabalho e qualidade» serão as palavras-chave do seu mandato

«Sem ensino superior, a Guarda morrerá, tal como está a morrer o interior», avisa o novo presidente do Instituto Politécnico local (IPG), que na tomada de posse pediu o apoio da comunidade para que a instituição possa contribuir para o desenvolvimento da região.

«Precisamos de ouvir palavras e acções de apoio e estímulo, mas também propostas e sugestões para melhor responder aos desafios desta região», disse Constantino Rei na semana passada. Na sua intervenção, o sucessor de Jorge Mendes assumiu que «mudança, criatividade, trabalho e qualidade» serão as palavras-chave do seu mandato. E anunciou a implementação de um sistema interno de garantia de qualidade para avaliar «tudo o que o IPG faz e produz». Uma tarefa entregue ao Gabinete de Avaliação e Qualidade, que será coordenado pelo professor Pedro Cardão, responsável pelo sistema de gestão de qualidade da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG). O novo presidente revelou ainda que o Instituto vai disponibilizar espaços para os seus estudantes desenvolverem projectos empresariais – os “Policasulos” – e apelou aos docentes para investigarem mais: «O que investigamos também deve ser útil às empresas e instituições, também deve fomentar o progresso económico desta região», afirmou.

Constantino Rei reclamou também a construção da nova Escola Superior de Saúde no IPG neste mandato e de uma residência de estudantes em Seia. No primeiro caso, o professor sublinhou que a ESS «não pode continuar naquelas condições», pelo que espera que haja decisões definitivas nos próximos tempos. «Os custos são mais reduzidos se se fizer a obra de raiz no campus, porque não precisamos de cantina ou biblioteca, por exemplo. Para nós, essa é a melhor solução», adiantou aos jornalistas, dizendo que o projecto custa 2,5 milhões de euros. «São trocos para a tutela», considerou. Poucos dias após a fraca procura na primeira fase de acesso ao ensino superior, o presidente anunciou o fim de algumas áreas. «Temos que estar atentos às dinâmicas da sociedade e não ficarmos amarrados a formações só porque têm uma longa história», declarou. Além de prometer mudanças, também assumiu que será muito difícil chegar aos quatro mil alunos no contexto actual do sector e de desertificação do interior. «Manter os três mil estudantes será uma vitória para a cidade e para a região», considerou.

Constantino Rei disse-se ainda tranquilo quanto ao financiamento para este ano lectivo, apesar dos cortes anunciados em todos os ministérios. «Não nos passa pela cabeça que haja uma redução das transferências do Orçamento de Estado. O primeiro-ministro comprometeu-se a manter os níveis de financiamento nos próximos anos. Se isso não acontecer, só poderemos concluir que os contrato de desenvolvimento são para rasgar e deitar no caixote do lixo», avisou. De resto, o presidente do Politécnico anunciou que vai apostar na formação ao longo da vida, nas pós-graduações e nos Cursos de Especialização Tecnológica (CET), que tenciona alargar à área da saúde. Por sua vez, Jorge Mendes, que ocupou o cargo durante quase 10 anos, comparou esta década a uma prova de BTT – de que é praticante: «Houve etapas serenas, em que os objectivos foram cumpridos, outras em que ficámos sozinhos e dias complicados em que cometemos erros e caímos. Mas também houve etapas de grupo, de trabalho em conjunto. Foi o que senti nestes últimos três anos», afirmou.

Aos jornalistas acrescentou que aquilo de que mais se orgulha é do processo de revisão estatutária, um papel «fundamental» reconhecido por todos os oradores, de resto. Jorge Mendes vai agora concluir o doutoramento e regressar depois à ESTG.

Três directores reconduzidos

Além de ter empossado os seus dois vice-presidentes, Fernando Neves (que transita do mandato de Jorge Mendes) e Gonçalo Poeta Fernandes (docente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo), Constantino Rei manteve três directores das quatro escolas superiores do Politécnico. São eles Clara Silveira (ESTG), Anabela Sardo (ESHT) e Carlos Reis (ESECD), acerca dos quais afirmou não ter «motivos nenhuns» para não os reconduzir.

A mudança aconteceu na ESS, onde Ezequiel Carrondo deu lugar a Paula Coutinho, até aqui sub-directora. A alteração foi justificada com o argumento da «forma de trabalho» do director cessante não ter sido «aquela que esperávamos». O novel presidente acrescentou que «não se justificaria reconduzir um director cuja forma de trabalhar não condiz com aquilo que era a nossa ambição e o nosso projecto». Já Teresa Paiva foi nomeada para a direcção da Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior.

Luis Martins Constantino Rei sucede a Jorge Mendes, que ocupou o cargo durante quase 10 anos

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