P – Quais as principais dificuldades da ACAPO Guarda?
R – A nível financeiro, e com a crise que o país atravessa, os donativos estão a ser cortados um pouco. Precisávamos de uma funcionária a tempo inteiro e de uma carrinha para chegarmos aos sócios. Em termos de instalações, quando chove muito no inverno, a sede tem muita humidade e mete água com fartura.
P – Que “prenda” gostaria de receber no 10º aniversário da delegação da Guarda da ACAPO?
R – A primeira era uma carrinha, que dava muito jeito, para chegarmos aos nossos sócios, pois estão espalhados pelo concelho e com esse meio de transporte podíamos ir buscar todos os sócios para este aniversário e assim podíamos cantar os parabéns à associação. A segunda era novas instalações, pelo motivo que já mencionei.
P – Como sobrevive a delegação e que atividades promove para os seus associados?
R – Sobrevive com as quotas dos sócios, de donativos das Câmaras e Juntas, que cada vez são mais escassos mas muito importantes. Temos em prática uma atividade mensal e no passado 24 de abril, se a memoria não me falha, realizámos um colóquio com varias instituições sobre “Deficiências – O outro lado da sociedade” no auditório municipal da Guarda. No dia 8 de Junho organizámos um jantar “De olhos vendados” em que participaram 26 pessoas. Neste mês celebramos o décimo aniversário da ACAPO na Guarda e em setembro talvez façamos uma viagem até Fátima.
P – A Guarda é uma cidade difícil para os invisuais? O que faz falta para estes munícipes?
R – Sim, para cegos e para pessoas de baixa visão e para outras pessoas com outras deficiências. Claro que não podemos comparar com Lisboa ou Coimbra, que são cidades mais planas, não há tanta inclinação, não há passeios ou calçadas em pedra. Torna-se muito difícil combater esses obstáculos, mas a autarquia tem lutado contra essas dificuldades. O que faz falta é arranjar os buracos que há nos passeios, só que a Câmara – e não é nenhuma novidade – não está a “nadar em dinheiro”. Uma coisa que é muito importante e quase ninguém se lembra é que quando há grandes obras no meio da cidade deve haver um pouco mais de atenção para com as pessoas com deficiência. Por exemplo, na Rua António Sérgio, junto ao Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS), é uma vergonha, não há passadeiras, fazem as obras em cima dos passeios e não há sinalização. Na semana passada, caí lá num buraco. Estava um pouco atrasado para o trabalho e vinha um pouco mais apressado, pelo que não reparei e caí no buraco porque estava mal assinalado. O problema é esse: a maior parte das obras que estão a fazer hoje em dia não têm sinalização. Essa rua não tem passadeiras e temos de ter algum cuidado porque podemos ser facilmente atropelados. Não existe sinalização para que os automobilistas consigam ter algum respeito perante os invisuais ou até mesmo as pessoas normais.
P – A delegação tem muitos associados?
R – Temos 74, se a memória não me falha, entre cooperantes e sócios efetivos. A nível do distrito, haverá um total de 3.000 pessoas, entre cegos e pessoas de baixa visão. Mas é a tal coisa, se as pessoas não vierem ter connosco, nós também não sabemos onde estão e torna-se um pouco difícil chegarmos a elas. Estamos a usar muito a comunicação social para divulgar a ACAPO e quem conhecer alguém que veja mal deve transmitir onde está a ACAPO ou até mesmo entrar em contacto connosco. Se os familiares ou amigos não nos ajudarem a chegar as essas pessoas, nós também não conseguimos, pois não temos um meio de transporte. Se o tivéssemos, íamos às aldeias falar com esses invisuais.
P – Que projetos tem para o futuro?
R – Haverá eleições a 14 de dezembro, a delegação faz dez anos este mês, eu já faço seis anos nos corpos sociais e pelos estatutos não me posso recandidatar. Em termos de projetos, espero que quem vier a seguir acompanhe e tente fazer tanto ou mais do que eu. De resto, apelo a que os sócios que nos ajudam e as pessoas com deficiência visual venham ter connosco para podermos dar as mãos e sermos uma família cada vez maior e mais forte.