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A Guarda e o futuro

Razão e Região

A Guarda ocupa uma posição estratégica fundamental no sistema de comunicações rodoviárias e ferroviárias português. Está na confluência da A23 e da A25. Está na confluência das linhas da Beira Alta e da Beira Baixa. É a ligação rodoviária e ferroviária mais curta entre Portugal e a Europa central. Está a meio caminho entre Coimbra e Salamanca. Com toda a razão se pode dizer que estrategicamente a Guarda pode ser assumida como Plataforma Ibérica. E se pode dizer que esta posição deve constituir o alvo de uma estratégia de desenvolvimento e de crescimento para a Guarda. Por isso, quando se define uma estratégia de desenvolvimento para a Guarda não é possível prescindir desta variável. A face visível desta estratégia já está assumida: chama-se Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial. Este eixo de desenvolvimento é fundamental. Porque ele indicia algo mais do que crescimento económico. Ele indicia relações privilegiadas com o outro lado de lá da fronteira, não só no plano estritamente económico, mas também no plano cultural e turístico. Eu creio que uma estratégia integrada de desenvolvimento baseada no conceito de Guarda como Plataforma Ibérica pode dar muitos frutos, quer no plano do crescimento económico quer no plano do crescimento intercultural. Do que se trata, afinal, é de definir uma ideia central para o desenvolvimento. Ou, numa ideia mais simples, de definir uma oportunidade para o crescimento.

Estou plenamente convencido de que numa escala de prioridades para o desenvolvimento da Guarda esta é a estratégia prioritária.

Todavia, se pensarmos o desenvolvimento como deve ser pensado, teremos de formular uma verdadeira estratégia integrada. Ou seja, temos de conceber um modelo de desenvolvimento integrado com inúmeras variáveis.

Em primeiro lugar, temos de assumir como grande opção prioritária o que acima acabei de definir. Em segundo lugar, temos de assumir o enorme potencial económico do ecossistema da Guarda, do turismo ambiental. Em terceiro lugar, temos de assumir a cultura como factor de crescimento económico, projectando a nossa actividade cultural como «marca», como exemplo, como fenómeno a imitar. Se o TMG continuar com uma actividade cultural exemplar poderemos, depois, elevá-lo a centro de produção cultural regional de excelência e mesmo a referência cultural nacional. Em quarto lugar, temos de compreender que uma cidade bela ou uma aldeia sugestiva, com qualidade, oferecendo múltiplos serviços de qualidade e atractividade, podem ser também economicamente competitivas e contribuir de forma decisiva para o crescimento da economia regional. Em quinto lugar, é absolutamente fundamental tornar a Câmara Municipal amiga da economia, simplificando procedimentos, agilizando práticas, desburocratizando. Finalmente, torna-se imperativo apostar na qualificação dos nossos quadros para que, como tem vindo a acontecer, não tenhamos que recorrer dominantemente a quadros profissionais vindos de outras zonas do país, contribuindo para que o desemprego regional aumente.

Estas grandes opções são as condições que podem produzir um novo impulso na via do desenvolvimento, tornando a Guarda um exemplo de sucesso a nível nacional.

Uma das tendências modernas da economia consiste, por um lado, na criação de zonas de excelência no plano produtivo, mas, por outro, na determinação de nichos de mercado que tornem economicamente viáveis essas zonas de excelência.

Esta é a reflexão estratégica que tem de ser feita para conduzir com eficácia os destinos da região: determinar nichos de mercado para implantação de zonas de produção, estabelecer prioridades na definição de estratégias e formular condições para desenvolver parcerias para o crescimento económico, agindo naturalmente num quadro de consenso, mas com a determinação de quem tem de, regularmente, responder perante a sociedade pelas suas opções.

Esta é, em meu entender, a estratégia ideal para o decisor político.

O futuro da Guarda passa por aqui. A decisão agora é do eleitor. Também ele tem de assumir a sua quota de responsabilidade pelos resultados que se vierem a verificar.

É assim a democracia.

(Nosso colaborador e candidato a Presidente da Assembeia Municipal da Guarda nas listas do PS)

Por: João de Almeida Santos

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