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A festa nordestina de Antúlio Madureira

“Festival do Outro” prossegue sábado à noite no TMG

O multifacetado e criativo Antúlio Madureira é o próximo convidado do “Festival do Outro”, dedicado ao Brasil, que está a decorrer no Teatro Municipal da Guarda (TMG). O músico, actor e criador de instrumentos sobe ao palco do grande auditório no sábado à noite para um espectáculo de teatro instrumental à volta das tradições musicais nordestinas. A crítica especializada considera este recifense um experimentalista, pois interpreta músicas populares com técnicas eruditas e músicas eruditas com instrumentação popular, o que garante ao seu som o adjectivo de «universal».

O objecto da pesquisa de Antúlio Madureira é a cultura popular à qual está profissionalmente ligado

desde 1977, quando apresentou, pela primeira vez, um solo de marimbau de lata, instrumento construído pelo próprio, na Orquestra Romançal. Depois disso, foi contratado pelo Ballet Popular do Recife, fundado pela sua família, como bailarino, actor cómico e músico, tendo sido, posteriormente, director musical. A principal característica deste grupo reside na adaptação das danças e brincadeiras populares de rua para o palco, um ambiente criativo que lhe permitiu desenvolver grande parte de suas habilidades artísticas. Paralelamente, foi um elemento de destaque do Movimento Armorial, lançado nos anos 70 com o objectivo de criar uma arte erudita brasileira a partir das raízes populares. Nesta fase, participou no Quinteto Armorial, na Orquestra Romançal e no Trio Romançal Brasileiro, para além de compor bandas sonoras para espectáculos de dança e teatro. Ali trabalhou durante 20 anos até lançar o seu Teatro Experimental, onde incorpora elementos que não podem faltar em espectáculos de cultura popular nordestina (ema, pífano, viola de dez cordas).

Antúlio Madureira formou-se no Conservatório Pernambucano, na Escola de Belas Artes e tem uma licenciatura em Música pela Universidade Federal de Pernambuco. A par da sua grande criatividade, o músico também é conhecido como inventor de novos instrumentos, caso da marimbaça – uma recriação do marimbau -, da cabala, do tubo sonoro e do serrote. É um verdadeiro artesão musical que cria, recria e aperfeiçoa instrumentos a partir de objectos comuns. Invenções que entram quase sempre nos seus espectáculos, em que toca, canta e dança as principais manifestações culturais nordestinas. Mas também alguns temas eruditos, como a sua famosa interpretação ao serrote da “Ave Maria”. Imprescindível é também Bilu, a célebre boneca de pano dançarina que o músico vivifica para a transformar numa das mais belas bailarinas do seu universo mágico.

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