Arquivo

A estreia da dança

Ballet Gulbenkian hoje e amanhã no TMG

A dança contemporânea tem uma estreia de mestre no Teatro Municipal da Guarda (TMG) com uma das melhores companhias nacionais de sempre. O Ballet Gulbenkian apresenta-se esta noite e amanhã em dose dupla com “Le Sacre do Printemps” e “Organic Spirit Organic Beat Organic Cage” no grande auditório. É assim a vida cultural da cidade na era pós-TMG.

O primeiro espectáculo, estreado em 2003, é uma adaptação da partitura de Igor Stravinsky pela coreógrafa canadiana Marie Chouinard, que construiu a sua “Sagração da Primavera” em torno de solos e/ou movimentos claros e fortes dos bailarinos, 17 ao todo. Acerca desta obra do compositor russo, Chouinard diz ter «a sensação de que Stravinsky entendia o corpo verdadeiramente como eu. Existem variados planos rítmicos que se justapõem num corpo e cada tempo não é necessariamente regular, tem sobressaltos, suspensões, moderações e explosões». Nesse sentido, a cadência e a força da música inspiraram e deram energia à dança, formando o eco e contraponto musical de uma coreografia orgânica, vigorosa e activa, refere o texto de apresentação desta produção. Marie Chouinard concebeu e coreografou esta versão muito pessoal da “Sagração da Primavera”, tendo igualmente idealizado o desenho de luzes. Já a música é de Igor Stravinsky e de Robert Racine (“Signatures Sonores”).

Vinte minutos depois estão em palco duas dezenas de bailarinos para “Organic Spirit Organic Beat Organic Cage”, de Paulo Ribeiro, actual director artístico da companhia, estreada em Março deste ano. A peça assenta na música de John Cage, especialmente nos temas “2nd Construction”, “3rd Construction” e “Credo in Us”, executados ao vivo pelo grupo de percussão Drumming. «Esta criação constrói uma dança em que não existem orgânicas solitárias, mas sim dependentes e confrontadas com o próximo. Tentamos criar um espaço de sensualidade de corpo matéria, carne-músculo e desejo que se dilui e materializa num imenso baile que não é mais do que um lugar de vida preenchido por um colectivo de histórias singulares», descreve Paulo Ribeiro na sinopse. Este trabalho é musicado ao vivo pelos Drumming, um grupo de percussão erudita criado no Porto em 1999 e actualmente dirigido por Miquel Bernat, percussionista e pedagogo de prestígio internacional.

Sobre o autor

Leave a Reply