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«A escrita é uma forma de aliviar a alma»

Cara a Cara – Carlos Galinho Pires

P – De que trata este livro “De Conto a Romance”?

R – O livro é uma coletânea de 10 contos, todos eles diferentes entre si, tanto na forma como no género. Usei o mesmo princípio da escrita criativa: escrever, tendo em conta certas restrições, certos desafios. Pretendi, portanto, escrever várias histórias, divididas em capítulos de tamanho reduzido, e explorando diferentes formas. Por exemplo: recorri mais ao discurso direto numas histórias e ao indireto noutras; nalgumas usei narradores na primeira pessoa e noutras narradores na terceira pessoa. Por outro lado, quis também experimentar escrever em diferentes géneros. O título nasce do facto das histórias serem contos, que nalguns casos, pela complexidade do enredo, são quase romances.

P – Porquê fazer um livro com vários géneros literários?

R – Há milhentas coisas que me passam pela cabeça, desde questões mais filosóficas, como as crenças, a vida, o amor, a moralidade, a política, passando pelas teorias da conspiração até aos assuntos mais científicos e tecnológicos, como a nossa relação com a tecnologia no passado, no presente e no futuro. Daí que a única forma que encontrei em falar sobre tudo com harmonia foi distribuir os assuntos por diversos géneros. A minha “praia” é a ficção científica, mas só consigo abordar certos tópicos se “navegar por outros mares”.

P – Qual a sua inspiração?

R – A minha inspiração é a vida. Uma das coisas que mais gosto de fazer é observar as pessoas. Numa sala de espera, numa paragem de autocarro, num evento, em qualquer lado, reparo na forma como as pessoas se comportam umas com as outras. E tudo, até o mais ínfimo pormenor, pode ser o início de uma grande história. Por exemplo, a J. K. Rowling, autora do Harry Potter, que viveu no Porto, baseou-se na cidade e nas suas gentes para as suas histórias, de tal maneira que os trajes dos estudantes de feitiçaria de Hogwarts são semelhantes aos trajes académicos. Daí que tudo e mais alguma coisa serve de inspiração: uma conversa, um acontecimento, uma notícia, uma pessoa, etc. E felizmente há imensa inspiração por aí! Por outro lado, e como qualquer autor, gosto de transmitir os meus pontos de vista, os quais também servem de inspiração para certas histórias, e a ficção, é talvez a forma mais prazerosa de o fazer.

P – O que leva um engenheiro informático a dedicar-se à escrita?

R – Sempre tive ideias e histórias dentro de mim e há relativamente pouco tempo descobri que através da escrita consigo livrar-me dessas “assombrações”, não que sejam negativas, mas sinto que se não passar para o papel essas ideias fico com os pensamentos encalhados. Assim, posso dizer, que a escrita é uma forma de aliviar a alma. Além disso, como sou muito caseiro, para além de um ótimo passatempo de secretária, é também uma forma de praticar ginástica mental e descansar o cérebro de assuntos do trabalho.

P – E qual é a sua relação com a Guarda neste momento?

R – Visito a Guarda frequentemente, é o meu refúgio dos grandes centros urbanos – resido no Porto. É onde recarrego baterias ao visitar a família, respirar ar puro, e praticar BTT pelos trilhos da região.

Perfil:

Idade: 30 anos

Profissão: engenheiro informático

Naturalidade: Guarda

Currículo: mestre em Engenharia Informática e Computação pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; engenheiro de software na Critical Manufacturing; iniciou a atividade profissional no Centro para o Desenvolvimento da Linguagem da Microsoft (MLDC), onde ganhou dois prémios de inovação tecnológica e participou em diversos projetos nacionais e internacionais de investigação, relacionados com o desenvolvimento de novas interfaces para auxiliar idosos, invisuais e pessoas com mobilidade reduzida; estudou piano e saxofone no Conservatório de Música da Guarda e na Escola de Jazz do Porto, tendo participado em iniciativas musicais apoiadas pelo município da Guarda.

Livro preferido: “Terra – A Herança dos Deuses”, de Alcides Ferreira

Filme preferido: “Matrix”

Hobbies: Escrever, ver filmes e séries, jogar videojogos, praticar ciclismo e ler.

Carlos Galinho Pires

Sobre o autor

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