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«A dinâmica do núcleo é dada pelas pessoas que a integram»

Cara a Cara – Entrevista

P- O núcleo da Covilhã da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) é reactivado após sete anos. Porque é que foi desactivado?

R- Na altura foi desactivado por não haver pessoas disponíveis para assumir a direcção, pelo que a delegação teve que propor à direcção nacional a desactivação do mesmo, que foi agora reactivado graças a este grupo de cidadãos.

P- Acredita que este núcleo tem futuro?

R- A dinâmica é dada pelas pessoas que integram o projecto. A Cruz Vermelha tem um leque de acção extremamente largo e se seguir o lema “Preservar a vida, a saúde e a acção humana”, todas as acções são possíveis. O desenrolar de acção do núcleo tem a ver com as iniciativas e com os projectos para cada uma destas áreas.

P- Que importância tem este núcleo? É necessário existir um núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa no concelho?

R- É importante nesta cidade, no Fundão – cuja criação também está aprovada – e será igualmente importante noutros concelhos do distrito de Castelo Branco. A estrutura da Cruz Vermelha estende-se por todo o território nacional e ilhas, onde as delegações e os núcleos desempenham um papel fundamental junto das populações mais carenciadas. Estão no local e estão na área para poderem intervir. Neste ano trágico dos incêndios, a Cruz Vermelha teve um papel importantíssimo no distrito para fazer encaminhar os donativos para as vítimas dos incêndios. É claro que esta actividade se passa no dia-a-dia em termos de acção social, apoio social, trabalho de jovens em socorrismo, apoio em actividades desportivas, entre outras. No caso concreto da Covilhã, pode ser útil o socorrismo, para além de outras acções, nomeadamente em apoio aos desportos da neve e nas situações de grande ajuntamento de pessoas na Serra da Estrela. Mas tudo depende fundamentalmente dos projectos e das iniciativas das pessoas que acabaram de ser empossadas para a comissão administrativa.

P- Que ajuda pode dar a delegação de Castelo Branco da CVP a este núcleo?

R- O apoio prende-se com o facto de estarmos todos no mesmo barco e com o mesmo objectivo. Obviamente que não há grandes disponibilidades financeiras, mas apoiaremos em tudo o que for possível, como intercâmbios de ideias, acções e projectos.

P- Disse que a Cruz Vermelha é das instituições mais credíveis. Acha que as pessoas estão mais confiantes ao pedir ajuda à CVP do que a outras instituições de solidariedade social?

R- É indiscutível, a nível mundial, que a Cruz Vermelha é uma instituição credível. A prova de que assim é também a nível nacional é que a maior parte dos donativos para a catástrofe dos incêndios foram encaminhados através da Cruz Vermelha. Foram donativos extremamente relevantes em valor e quantidade. Obviamente que há outras instituições vocacionadas para o combate à pobreza, há um Banco Alimentar Contra a Fome, institutos para apoio à droga e toxicodependência, mas estamos todos no mesmo barco, embora alguns com vocações mais específicas para uma determinada área. A Cruz Vermelha poderá tocar nessas áreas todas. Agora depende, claro, do voluntariado existente e dos meios existentes, nomeadamente recursos financeiros.

P- Acha que na região as pessoas estão despertas para o voluntariado?

R- Acho que sim. Penso que as pessoas sentem satisfação em fazer voluntariado, mas não é fácil prescindirem às vezes muito tempo para o preenchimento dos seus “hobbies” e tempos livres. O que não critico. Há pessoas que se dedicam a fazer voluntariado, e tenho exemplos disso na delegação de Castelo Branco, mas poderá não ser em número suficiente. Compete agora à estrutura covilhanense criar condições para que esse voluntariado venha ter connosco.

P- E que medidas poderão ser essas?

R- Por iniciativas e projectos que toquem no coração das pessoas.

P- Tendo em conta que esta é uma região bastante empobrecida, como classifica o trabalho da CVP?

R- Em Castelo Branco não temos áreas de acção social especificamente virada para a terceira idade, mas não quer dizer que no futuro não tenhamos esse tipo de actividades. Neste momento, a delegação de Castelo Branco não tem estruturas para dar resposta a esse tipo de situações.

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