Num quadro organizado de ataque aos direitos dos trabalhadores, alguns dos que se arvoraram em salvadores da “troika” são os mesmos que a trouxeram para cá. Não basta referir que chegou ao fim um programa imposto ao país, mas o que ficou foi um país economicamente destroçado, dilacerado no plano social e politicamente fragilizado por uma política que alimentou a descrença, a desilusão e o desencanto.
De facto, Portugal é hoje o país onde as assimetrias são mais profundas, no nosso distrito há cada vez mais dificuldades, há casais em que ambos trabalhavam na mesma empresa, refiro o exemplo da Delphi, que não recebem qualquer prestação social ou subsídio. Há dramas das famílias destroçadas pela casa que tiveram que devolver aos bancos, pelos filhos que viram abandonar precocemente a escola ou procurar emprego sem sucesso; pelas reformas que já não chegam para pagar rendas, alimentos e remédios; pelas empresas atingidas pela ruína; pelos serviços públicos que de tanto se afastarem se tornaram inacessíveis; a sangria humana, pois do distrito contribuem para os números que cada dia lança 350 portugueses nas rotas da emigração.
O país do desencanto da juventude pelos sonhos que se vê obrigada a adiar. O país cuja dívida, tornada insustentável, impede o desenvolvimento; cujo défice público de 6% do PIB continua a ser pretexto para mais austeridade. E, ao mesmo tempo, o país das colossais fortunas que dominam a nossa economia. Mais uma vez confrontamo-nos com os casos BPN, BPP, Banif, BCP e, agora, do BES, que evidenciam práticas obscuras de gestão, de manipulação de contas e do mercado ou de fuga e evasão fiscal com ligações tentaculares de domínio nos planos económico e político.
O país de um Governo que subverte a Constituição, afronta o Tribunal Constitucional e encaminha os portugueses para o subdesenvolvimento cultural. Este é o retrato da Nação depois de três anos de governação PSD/CDS e de outros tantos de intervenção das “troikas” e de 37 anos de política de direita dos governos do PS e PSD, com ou sem o CDS, estes são responsáveis pelo desastre a que chegámos.
Por: Honorato Robalo *
* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP
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