A magia conquistou naturalmente Alcides Fernandes, de 45 anos. Um casal próximo tinha um circo nómada e foi com eles que cultivou o gosto pelas ilusões «quase sem me aperceber», confessa o artista, natural de Videmonte (Guarda).
O seu primeiro truque ainda está bem presente: «Foi a ilusão do lencinho no ovo», recorda o técnico de palco no TMG, que reside na aldeia dos Trinta. A experiência é acompanhada pela vontade de aprender coisas novas, que exibe depois nas participações que faz com outros mágicos e circos – «maioritariamente» fora da região. Na Guarda há «muita procura e pouca oferta», refere Alcides Fernandes, admitindo que nem sempre consegue dar resposta aos pedidos. «Sinto-me um privilegiado por trabalhar no mundo do espetáculo», sublinha, entendendo que «os mágicos ainda não sentem muito a crise porque os bons mágicos escasseiam e têm muita procura». Entre as histórias que tem “guardado” da sua carreira, há uma que ocupa um lugar especial: «Uma senhora cega ofereceu-me uma garrafa e disse-me que tinha adorado o espetáculo», recorda Alcides Fernandes.
A partir daí, «os espetáculos passaram a prever essas situações». Já o “Magicarte” é o espetáculo solidário que vai lançar brevemente e que tem o nome do circo dos seus mestres: «Quero levar a magia a aldeias com poucas crianças, mas que também devem assistir a um espetáculo e têm direito a cultura», explica o artista, dizendo que é conhecido, «a nível europeu», como o mágico solidário porque faz questão de levar a magia a instituições de solidariedade social. A curiosidade faz parte do “jogo” que o ilusionista cria com o público, mas o mistério nem sempre deve ser desvendado: «Podem contar-se algumas ilusões, mas há que salvaguardar os criadores, que chegam a perder meses ou anos a desenvolvê-las», justifica Alcides Fernandes, para quem a magia «tem sempre lugar onde houver uma criança».
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Sara Quelhas 
