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A almofada

Bilhete Postal

Tese económica do artista da bola que todos somos. Sem saber muito do tema, torna-se claro que há mecanismos de estabilidade que alguém esqueceu, ou não, mas a pouca vergonha lá me faz falar daquilo que não domino.

Se as empresas tiveram lucros durante décadas, como não suportam agora uma crise de meses? Se produzi rendimentos e não distribui lucros, não sustentei uma rede para os maus momentos? Não fiz um pé-de-meia para as horas difíceis? O lucro de décadas esvaziou-se?

Guardei o dinheiro num colchão que ardeu, ou dei-o a guardar a um desconhecido, ou meti-o num pano dentro do mar, certo é que não o tenho mais. E se nunca ajudei ninguém, nunca dei o que me sobrava, porque devo esperar benesses dos outros? Porque devo pedir sacrifícios a quem não convidei para a festa? A verdade é que tem de ser criado um método de almofadar as empresas, um meio financeiro que permita alocar os lucros para dias difíceis, uma espécie de rede que garante salários vários meses, que credibiliza as empresas, que lhes dá suporte estrutural. Estas almofadas, obviamente, que não devem ser tributadas em impostos, ou destruídas neles, pois não geram mais-valia, mas tão-somente compactação financeira estrutural. Assim, a EDP teria milhões de almofada financeira, o Millenium estaria com mais arcaboiço, a Quimonda não morreria em dois meses. Este tipo de reservas, devendo estar isentas de imposto, também devem estar obrigadas a investimentos seguros e blindadas a fundos/lixo ou a manuseamentos pouco claros. Uma almofada protege e credibiliza.

Por: Diogo Cabrita

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