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A água e a desinfeção

Bilhete Postal

Outro espaço da higiene e da exigência pessoal está nos blocos operatórios e no comportamento de muita gente que vai para um hospital sem se lavar. Vão ao dentista sem esfregar os dentes. Urinam sem cuidar de que as gotas ficam dentro da retrete. Querem ver desinfetantes onde não passaram a água e o sabão. Grave é que ofendem-se se os mandam lavar. Grave e significativo é que deixam correr o chuveiro e não se colocam debaixo dele. Vamos operar e sentimos a força dos cheiros íntimos, a força dos odores da alergia à água e, por força dos cheiros, esfregam-se litros de desinfetantes. Também há quem diga que não há desinfeção sem higiene e eu estou de acordo. A exigência pessoal, a sofisticação connosco impediria tudo isto, mas para haver exigência é preciso haver exemplos e padrões. Pelo que percebo dos professores que conheço, a exigência é cada dia menor e vem de casa. A colocação de padrões é cada dia mais difícil e menos comum. O que importa é mesmo a relação com o próximo e deve ser estimulada na exigência com o eu. Como nos apresentamos, como nos exprimimos, como nos fazemos dignos do respeito. Num bloco, um pé fedorento é um azar e uma amargura, e significa muita coisa que falhou e não se parece com a gravata dos médicos.

Por: Diogo Cabrita

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