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A abstenção é o denominador comum dos descrentes na democracia

A chamada democracia do pós “25 de Abril” tem mais de trinta anos. Devia ser adulta. Mas é ainda uma jovem caprichosa. Quer liberdade de expressão, mas quando é chamada a expressar-se prefere ficar em casa. Quer liberdade de opinião, mas prefere ficar em casa a dizer mal das opiniões dos outros.

O referendo à despenalização do aborto apresentava-se como uma boa oportunidade para a sociedade civil ter uma voz forte e determinada. Esteve quase….

Por um lado, apareceram muitos movimentos cívicos (Sobretudo do lado do “Não”) o que foi surpreendente. Para além dos políticos profissionais, deu para ver na televisão caras diferentes. Foi positivo. Para um país pensar, é preciso renovar as pessoas, os argumentos e mesmo as provocações. Um país que pensa, tem de estar mais além de uma classe política encabrestada ás estratégias partidárias. Repito, foi positivo.

Por outro lado, a democracia participativa ficou uma vez mais de pantufas em casa. A lembrar o tempo em que havia homens que davam a vida para ter liberdade de voto no seu país. Agora que foi conquistada, confirmamos que sim, a liberdade de voto é realmente uma coisa magnifica… se não fosse a chuva!… ou o sol!

A abstenção é o denominador comum dos descrentes na democracia.

“Salve Salazar!”

O meu último artigo mereceu vários comentários. Agradeço os elogios e agradeço igualmente os impropérios de que fui alvo. No fundo, o que é preciso é que falem, nem que seja para dizerem bem….

Um artigo de opinião é mesmo para agitar consciências e provocar debates. É claro que ao assinar os artigos (e colocar esta foto pouco famosa) me sujeito a más interpretações sobre mim e os meus pensamentos. É o risco de assumir a minha liberdade de expressão.

O meu artigo não foi uma defesa de Salazar, mas sim a constatação de que o tempo nos faz ver a história com outros olhos. Os políticos de hoje julgam que ficam na história por um discurso ou por uma obra inaugurada com dinheiros da Europa, mas na verdade, as páginas de história só se escrevem com o passar dos anos. E é certo, que muitos não ficarão na história como julgam…. Com o tempo, há figuras enterradas no pó e outras ressurgidas das cinzas. O meu artigo era uma ironia sobre os caprichos do tempo na política. Não mais que isso. Uns perceberam. Outros não.

Salazar defendia a censura na imprensa porque dizia que o povo não estava preparado para interpretar o que lia. Por isso, façam o favor de não lhe dar razão. Pode ser….?

Por: João Morgado *

* Director www.kaminhos.com

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