Empenhada em construir nas Penhas da Saúde um aldeamento de montanha «com qualidade», a Câmara da Covilhã apresentou na última terça-feira, junto de representantes de várias entidades e organismos ligados ao Ordenamento do Território e à promoção turística, um plano de investimentos de 35 milhões de euros para as Penhas da Saúde para que se possa apostar num «turismo de qualidade».
O objectivo é transformar a Serra da Estrela num dos destinos turísticos mais procurados através da criação de uma zona de jogo que poderá atrair para a região mais dois milhões de pessoas, nacionais e espanhóis. Mas além do casino, cuja licença está a ser apreciada por um grupo de trabalho do Governo, as entidades promotoras – Câmara e a Turistrela, concessionária do turismo na Serra – pretendem ainda lançar a construção de mais duas unidades hoteleiras, uma nas Penhas da Saúde por iniciativa privada e outro na Varanda dos Carqueijais pela Turistrela, um pavilhão polivalente, 600 casas de montanha, um posto de saúde, outro da GNR, zonas de comércio e de lazer com bares, minimercado e piscinas. «Precisamos de colocar um conjunto de entidades diversas a trabalhar para o mesmo fim: um turismo de qualidade e a construção de diversos equipamentos», ressalva Pinto. A reunião com representantes das secretarias de Estado do Ordenamento do Território e do Turismo, da Comissão da Coordenação e Desenvolvimento Regional, Instituto de Financiamento de Apoio ao Turismo, AIBT Serra da Estrela, Parque Nacional da Serra da Estrela e da Turistrela, serviu ainda para apresentar o estudo urbanístico para a zona F das Penhas da Saúde, ou seja, a área junto às piscinas das Penhas.
Casas de zinco com fim à vista
A construção das infraestruturas básicas, como arruamentos, água, iluminação, telefone e saneamento, representam já o «pontapé de saída» para buscar soluções para aquela zona ambientalmente degradada pela construção desordenada de casas de zinco, explica Lemos dos Santos, responsável pela AIBT da Serra da Estrela. Todavia, para avançar com as infraestruturas naquela zona, cujo concurso público para as obras deverá ser lançado até meados de Maio, é necessário que o Governo reforce «substancialmente» a verba de 33 milhões atribuída em 2000 à AIBT para desenvolver acções até 2006. «Pretende-se um reforço de 50 por cento da verba inicial para intervir naquela zona crítica», reclama Lemos dos Santos. A sensibilização do Governo para o investimento público naquela zona foi também um dos objectivos desta reunião «bastante importante», admite. A reunião permitiu ainda colocar um “ponto final” nas 170 casas de zinco que se dispersam ao longo de toda a zona das Penhas sem qualquer estética.
Para todos os representantes presentes a solução parece ser apenas uma: demolir as casas beneficiando os proprietários das novas casas de montanha que fazem parte das 600 habitações previstas para a zona. Contudo, os proprietários apenas as poderiam usar em determinados períodos do ano e entregá-las num outro período à Turistrela para esta as alugar aos turistas, à semelhança dos sistemas de apartamentos em zonas balneares. Para Carlos Pinto, esta hipótese é a mais vantajosa, pois os proprietários das casas de zinco recebem uma «casa de borla completamente nova». Mas existem outras hipóteses, como a reconversão das casas ou a sua demolição e transferência para outra zona. Só que, garante o edil, «tudo será feito em sintonia com os proprietários e com acordo escrito». A próxima reunião destas entidades é a 12 de Abril, altura em que se apreciarão os projectos que foram apresentados nesta reunião.
Liliana Correia