Agente 202 é um tipo azul, de roupa justa preta que adora voar. Agente 202 sai de lugares altos com aquele fato de asas e mergulha nos desfiladeiros onde encontrará correntes de ar que o projectarão rumo a um destino que seria incapaz de controlar. É o novo desporto que vai a par com outro de correr pelos espaços urbanos entre saltos de muros e corridas por telhados. 202 podia ser um quarto de Hotel de onde mergulharia abrindo a janela sobre o precipício. 202 podiam ser as pessoas enamoradas de uma cidade num determinado momento sendo que o seriam duas a duas. Uma intensidade só comparável com a dos desportos radicais que dois pratica e dois admira. Assim 202 é um lugar impreciso da memória onde todo um conto se esbate entre ternuras, intensos abraços e uma projectada corrida para uma janela que se abre na beleza de ser visão e ser precipício. No 202 conheci o veludo azul – dizia, antes de sair pela janela com o fato preto e percorrer o vale a uma velocidade impressionante, acompanhado de milhafres admirados. Dois observava a imagem que desaparecia. À noite dois podia chegar de qualquer muro, telhado ou sebe. Vinha treinando até se verem no 202 outra vez. Conheceu Mel num acaso e lançou-se apaixonado nessa vertigem como percorrera tantas outras. Agora havia um problema, Mel estava olhando e ele gostava de regressar. Assim morriam os desportos radicais na alma de Abelha azul.
Por: Diogo Cabrita