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2007

Menos que Zero

Com 2006 a chegar ao fim, os portugueses olham esperançadamente para o novo ano. A economia nacional dá sinais de recuperação, puxada pelas exportações de sectores onde a mão-de-obra barata já não é a vantagem competitiva. O têxtil e o calçado perderam importância em relação a sectores emergentes, como o das máquinas e equipamentos, dos plásticos, dos produtos petrolíferos e das novas tecnologias da informação. Uma economia menos dependente de um ou dois sectores é, seguramente, uma economia mais saudável. Apostando na diversificação, na inovação e na criação de marcas próprias, a indústria Portuguesa poderá lutar em igualdade de circunstâncias com outras áreas do globo.

Embora o impacto resultante do encerramento das grandes multinacionais ainda esteja a ser absorvido pela economia nacional, há sinais de que o ano de 2007 poderá ser de viragem para o país. É verdade que o Governo vai continuar a reduzir o seu investimento, mas num país que pretende recuperar o tempo perdido, não pode ser o investimento público e liderar a economia. O ciclo de grandes investimentos em infra-estruturas está prestes a encerrar – oxalá o Governo esqueça o Aeroporto da OTA – pelo que a única saída é um sector privado mais dinâmico. É aqui que o Estado deve ter um papel importante, desenvolvendo um enquadramento que favoreça a atracção de investimento – nacional ou estrangeiro – de qualidade. Está aí o novo Quadro Comunitário e com ele chega mais uma oportunidade – talvez a última – de promover uma verdadeira estratégia nacional de desenvolvimento.

A aposta estratégica deve passar pelo reforço do investimento nas indústrias tradicionais com capacidade de sobreviver num mercado global, mas também pelo apoio a sectores emergentes ligados às novas tecnologias. A experiência anterior mostra que os milhões gastos em apoios a pequenos comércios – como cafés, salões de cabeleireiro e lojas de toda a espécie – não tiveram qualquer efeito multiplicador, criando apenas meia-dúzia de empregos de curto prazo.

Portugal tem de crescer em ambição. As velhas mentalidades – formatadas no estilo minifúndio – têm de evoluir para uma nova realidade onde a dimensão é factor importante. A ideia subjacente aos célebres clusters do Relatório Porter era, justamente, a necessidade de ganhar dimensão em áreas altamente especializadas onde a inovação e a dimensão fazem a diferença em relação à concorrência.

Numa altura em que o índice de confiança dos empresários continua a subir, o Estado deve agarrar a oportunidade, oferecendo condições para que o investimento privado funcione, definitivamente, como motor da economia portuguesa. Só com um sector privado forte é possível assegurar melhores remunerações e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida aos cidadãos. Será 2007 o ano da mudança?

Por: João Canavilhas

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