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2004 (2ª parte)

Corta!

Esta semana o Corta! continua, e finaliza, a lista dos seus filmes preferidos estreados durante o ano passado. Num olhar menos atento pelos filmes estreados nos últimos doze meses, 2004 surge como ano parco em grandes filmes, daqueles que, de imediato, nos prendem, sabendo nós que jamais nos irão abandonar. Mas isso só aparentemente. Se nos vinte filmes escolhidos pelo Corta! haverá certamente alguns que o tempo se encarregará de apagar das nossas memórias, dificilmente isso acontecerá aos que hoje aqui ficam.

1. Lost In Translation de Sofia Coppola

2. 21 Gramas de Alejandre Gonzáles Iñárritu

3. Terminal de Aeroporto de Steven Spielberg

4. Antes do Anoitecer de Richard Linklater

5. Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci

6. Despertar da Mente de Michael Gondry

7. A Vila de M. Night Shyamalan

8. Costa dos Murmúrios de Margarida Cardoso

9. Shattered Glass de Billy Ray

10. Noite Escura de João Canijo

O primeiro lugar bem cedo ficou ocupado. E até ao final do ano nada superou o encanto de Lost In Translation. O mais belo filme deste século (so far!). No mesmo campeonato, de histórias românticas perfeitas, e como todas essas as imperfeições só servem para melhorar tudo, Richard Linklater, com Antes do Anoitecer, oferece uma prenda a todos os trintões que há nove anos atrás se derreteram com a dupla Hawke/Delpy, num amor trilhado em linhas de comboio. O mestre Spielberg, cada vez melhor, volta a assinar uma obra-prima. Aqui no Corta! já contamos quatro seguidas. Não é para todos!

Por, e para amantes, de Cinema, assim, com C maiúsculo, 2004 deixa Os Sonhadores, revelando um Bertolucci a recuperar de forma. Absolutamente irresistível. Outra ode ao bom gosto, com ligeiro toque clássico, como desde sempre nos habituou, Shyamalan foi este ano amado e odiado em doses iguais, com o incompreendido A Vila.

Longe de clacissismos, entram nesta lista 21 Gramas e Despertar da Mente. Duas abordagens diferentes de cinema. Se em Amor Cão Iñárritu apenas deixava uma promessa daquilo que poderia fazer, não sendo esse filme aquilo que muitos julgaram ver nele, em 21 Gramas assina o mais pujante filme do ano. Com Despertar da Mente, Gondry coloca mais um tijolo na construção da sua casa repleta de filmes que mais parecem terem sido feitos no Mundo das Maravilhas, por onde Alice se passeia, ao encontro de um qualquer feiticeiro de Oz.

O ovni nestes dez filmes talvez seja Shatterd Glass. Tendo passado despercebido por quase todos, Billy Ray assina aqui um estimulante filme sobre as mentiras de um jovem jornalista, que inventado todas as noticias que escrevia conseguiu ganhar os mais importantes prémios jornalísticos. O facto do filme ser baseado em factos verídicos só veio ajudar a que ganhasse mais peso perante o espectador. A descobrir urgentemente.

Mas a grande surpresa de 2004 foi a qualidade de algum cinema português. Está bem que o público continua a não ver nada daquilo que por cá se faz, mas cada vez menos as culpas podem ser atribuídas aos filmes. Com Costa dos Murmúrios e Noite Escura, o cinema português em 2004 está de parabéns. A continuar assim, talvez num futuro próximo as pessoas se apercebam daquilo que vão perdendo por culpa de preconceitos que tardam em desaparecer.

E 2005 já começou. As estreias anunciadas prometem um início de ano, no mínimo, interessante. Bons filmes, dentro e fora das salas de cinema, são os desejos do Corta! para todos os seus leitores!

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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