Arquivo

2003 Revisitado

Corta!

01. A Última Hora de Spike Lee

02. Cidade de Deus de Fernando Meirelles

03. Mystic River de Clint Eastwood

04. Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei de Peter Jackson

05. A Viagem de Morvern Callar de Lynne Ramsay

06. Atanarjuat – O Corredor de Zacharias Kunuk

07. Far From Heaven de Todd Haynes

08. As Regras da Atracção de Roger Avary

09. George Washington de David Gordon Green

10. O Adversário de Nicole Garcia

11. Catch Me If You Can de Steven Spielberg

12. O Pântano de Lucrecia Martel

O ano que passou foi tão mau que não foram poucos os jornais e revistas que, chegado o final do ano e numa altura habitual de balanços, optaram antes por falar do futuro, em detrimento de todas as desgraças que se registaram no ano agora findo. Com a crise a ser vivida como estilo de vida e desculpa para tudo o que de mal aconteceu, ou simplesmente não aconteceu, 2003 será um daqueles anos que o melhor mesmo é nem lembrar.

Mas nem tudo foi mau, e quando o cinzento dos dias faz questão de marcar presença constante, seja na rua, nas televisões, em casa ou nas conversas de café, há sempre um último refúgio onde tudo isso não entra. As salas de cinema, mais ou menos confortáveis; com ecrãs maiores ou mais pequenos; com ou sem aquecimento; sozinhos ou acompanhados; surgem como autênticas trincheiras numa realidade em guerra permanente e onde é tantas vezes impossível aguentar tanta violência e estupidez.

E no cinema o ano que passou dificilmente poderia ter sido mais generoso. Talvez seja uma espécie de contrapeso, como forma de manter equilibrada a balança dos dias. Dias maus, cinema bom. Recorrendo a essa teoria, e pelo que está já anunciado para estrear neste ano que agora se inicia, 2004 será um péssimo ano. Só para os primeiros meses, e sem fazer referência a tudo, destaque para os regressos de Sophia Coppola («As Virgens Suicidas») com «Lost in Translation»; de Tim Burton («Sleepy Hollow») com «Big Fish»; Mike Figgis («Morrer em Las Vegas») com «Cold Creek Manor»; Gonzales Iñarritu («Amores Perros») com «21 Gramas»; Jane Campion («O Piano») com «In The Cut»; Woody Allen com «Anything Else»; Patrice Chéreau («Intimidade») com «O Seu Irmão» e Quentin Tarantino com o segundo volume de «Kill Bill». Mas nem só de grandes nomes estará preenchido este arranque de ano, pois filmes como «A Estranha Vida de Igby», «The Station Agent», «Eternal Sunshine of the Spotless Mind» ou «American Splendor» merecem que se esteja atento.

Pena que, por aqui, onde a muito falada, tantas vezes prometida, e sempre esquecida descentralização tarda em chegar, as salas de cinema continuam a ser poucas. Se isso não fosse suficiente, são más e não primam pelo bom gosto quando chega a hora de seleccionar o que escolher por entre os vários filmes que, cada vez em maior quantidade, estreiam todas as semanas no nosso país. Mas que fazer quando o público, que paga bilhete, gosta, não se queixa e repete na semana seguinte? E o outro público? Aquele que se recusa a ser mal tratado? É ficar em casa e esperar por melhores dias, numa altura em que já nem o Cine-Clube da Beira Interior, que durante anos foi um oásis para os amantes do bom cinema, parece dar garantias de uma exibição regular para este ano. Pode ser que tudo mude, mas seria bom que fosse rápido.

P.S.: E desse lado, que estrelas brilharam mais este ano quando as luzes se apagaram?

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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