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17 anos depois…

Editorial

O Jornal O INTERIOR é o resultado de um projeto editorial acutilante e ambicioso que “desenhei” em 1999 com o empresário José Luís Carrilho de Almeida e que implementámos no final daquele ano com a colaboração de algumas pessoas notáveis da região. E saiu para as bancas de forma ininterrupta em janeiro de 2000 – com a mudança de ano, de século, e de milénio num período cheio de frenesim, um grupo de jovens aspirou mudar a região através da informação e da cultura, porque uma sociedade informada é uma sociedade melhor preparada.

Foi um tempo extraordinário de afirmação de um grande jornal (o único que ganhou o Prémio Gazeta no distrito da Guarda), mas também de uma marca cujo carater idiossincrático passava (e passa) pelo jornalismo de qualidade, com rigor e independência, num compromisso claro com os leitores – em que a informação, o falar a verdade e a pluralidade de opinião são a base e o princípio de O INTERIOR.

Portugal vivia tempos de crescimento histórico (ainda que António Guterres, então primeiro-ministro e hoje secretário-geral da ONU, se tenha demitido porque estava a chegar o “pântano”) e a região esperava ansiosa por grandes investimentos prometidos – muitos nunca passaram do papel. Mas houve alguns. E provocaram uma impressionante mudança na região: as autoestradas, em especial o lançamento da A23 que permitiria o aproximar definitivo entre a Guarda e a Covilhã, mas também o curso de medicina na UBI ilustrativo de que no interior também havia lugar para os melhores.

Na Guarda, Maria do Carmo Borges inaugurava uma obra por mês, enquanto celebrávamos os 800 anos do Foral de D. Sancho: foram as piscinas municipais, a VICEG, jardins, escolas, creches, a avenida Mendes do Carmo, o pavilhão S. Miguel, etc. Foi um tempo extraordinário, o mais extraordinário de sempre da cidade da Guarda. Depois, ainda com Maria do Carmo, viria a metamorfose definitiva: com a construção da Biblioteca Eduardo Lourenço, do TMG, do centro de Estudos Ibérico, o Parque Urbano do Rio Diz/Polis, a PLIE… Um tempo em que os guardenses já não se contentavam com o que tinham, e O INTERIOR corporizou essa aspiração, esse desígnio, exigindo e reivindicando mais, sempre mais, mais investimento, mais saúde, mais educação, mais cultura, mais desporto … porque esse era um tempo de intervenção cívica e cidadania irrepetível. Um tempo em que a Guarda crescia como nunca, com empresas dinâmicas (só na freguesia da S. Miguel havia 5.000 empregos industriais, com a Delphi a empregar 3.000 pessoas e a Gartêxtil 1.000).

Mas foi um tempo que se esgotou, especialmente a partir de 2010, com o encerramento da Delphi, dando lugar a um novo tempo, sombrio, em que a Guarda e a região definharam. Um tempo em que a crise económica e a falta de ideias, de políticos e de políticas, levaram o país à falência e a região a um profundo torpor e medo. Um tempo em que O INTERIOR se reinventou, se afirmou como uma marca de referência, desenvolveu o ointerior.pt (hoje o maior site de informação da Beira Interior) e se adaptou às novas contingências do mercado e de uma sociedade de informação onde o papel deu lugar ao digital. Mas um tempo em que todos merecem uma certeza: o Jornal O INTERIOR não tergiversou, continua o seu caminho por uma sociedade mais informada, mais culta, mais equilibrada e mais democrática: a região pode continuar a contar com o Jornal.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
Rory Birkby arruarquivo@mweb.co.za
Comentário:
Olá Luís, Parabéns ao meu jornal, que foi a primeira escolha na minha “segunda terra”. Abraços também para o Luís Martins e para todos os colaboradores. Rory Birkby, Simon’s Town (África do Sul)
 

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