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14º aniversário

Editorial

Há 14 anos tínhamos a ambição de contribuir para a mudança e «dar vida ao interior», de ser parte interveniente no devir social e cultural da região e influir o desenvolvimento regional.

Passados 14 anos… muita coisa mudou! Por vezes em sentido contrário ao que perspetivámos (ou pretendemos). Fomos espectadores atentos do crescimento da desertificação, do incremento de assimetrias, da fuga dos jovens, do flagelo da destruição de emprego; fomos comentadores vigilantes e informadores de projetos sem nexo e cometimentos que colapsaram, de ideias que se esfumaram, de promessas vãs; fomos assistentes (e vítimas) do sucumbir de empresas, do fim de expetativas, da morte de sonhos… Mas também fomos testemunhas de jovens inventivos e corajosos, e fomos cúmplices em utopias e desígnios relevantes, da criação de ideias exequíveis e projetos audazes, de sonhos que afinal perduram… porque estar no interior é tudo isso, e é resistir e ser resiliente, é querer ficar mesmo quando todos dizem que é preciso partir, é lutar sem nunca desistir.

Antes de haver a A23, O INTERIOR antecipou e promoveu a aproximação entre a Beira Interior Norte e a Cova da Beira, entre a Guarda e a Covilhã, sendo precursores de um caminho que demorou anos a construir e que passou pela Comurbeiras (organizámos em 2004 o único debate público na região sobre a criação de comunidades) e que agora se define com a Comunidade das Beiras e Serra da Estrela. E testemunhámos o protagonismo da Cultura, em especial com a erupção virtuosa do Teatro Municipal da Guarda, mas também o nascimento da Moagem; promovemos e organizámos feiras do Livro; participámos e influenciámos a promoção de produtos endógenos (como o fumeiro em Trancoso) e o desenvolvimento de marca e produtos regionais (como no vinho, sugerindo a qualificação e realização do Concurso de Vinhos ou colaborando na sua promoção e internacionalização) …

E fomos contrapoder! Porque a Imprensa é por definição, por princípio, contrapoder! Porque as palavras não são inócuas e um jornal tem de ser fiel ao seu critério editorial e aos seus leitores: informar, e informar com honestidade. Como diria Mário Mesquita (“O Quarto Equívoco”), outros preferem ser apelidados de “quarto poder” na sua inércia em relação ao sistema, mas n’O INTERIOR, a ideia de “quarto poder” foi sempre considerada como uma hipérbole grotesca, até porque o poder dos media é condicionado e controlado por todos os outros poderes, e nunca tergiversámos na nossa orientação e desiderato – ainda que tenhamos cometido muitos erros.

Também por isso, assumidamente, na Guarda, fomos oposição! Nos últimos anos repetimos, ad nauseam, que o executivo liderado por Joaquim Valente era o mais incompetente da história recente do concelho; identificámos situações de inércia e denunciámos negócios danosos para o município (em primeira-mão, e bastas vezes em exclusivo: o envolvimento de compadrio na aldrabice do “Guarda Mall”, a aquisição do “Bacalhau”, as obras de meio milhão de euros no “pavilhão” do Parque para instalar um call center…); contámos sobre o emprego que uma vereadora arranjou ao irmão (e afinal, o emprego que arranjou para si própria…); enunciámos as muitas faltas de presença de um presidente sempre ausente; denunciámos os atropelos ao interesse público em nome de pequenos interesses; informámos sempre… Porque, n’O INTERIOR, fazer oposição era ser contrapoder, defender as pessoas, lutar pela Guarda e derrubar um poder bolorento, viciado e prejudicial do interesse concelhio. Chegados aqui… e quando alguns esperavam que fossemos muleta de campanha, sem tergiversar na nossa linha, fomos equidistantes e plurais, praticámos jornalismo e informámos com rigor e distanciamento. E continuaremos, sem tibieza ou encolhas a ser contrapoder…

Depois de 14 anos, renovamos o nosso compromisso: informar com honestidade, seriedade e frontalidade. Obrigado aos nossos leitores e colaboradores.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
João Ricardo ritamourarita@gmail.com
Comentário:
Parabéns!
 

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