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1:23:58 a. m.

mitocôndrias e quasares

Sábado, 26 de Abril de 1986, 1:23:58 a.m, a menos de três quilómetros da cidade de Pripyat ocorreu uma incidente que marcou para sempre história da Humanidade. O reactor 4 da Central Nuclear de Chernobyl explodiu libertando uma quantidade de radiação nuclear 400 vezes superior á libertada em Hiroshima. Uma combinação acontecimentos como violação de regulamentos, falhas no projecto, quebras nas comunicações ou falta de procedimentos de segurança adequados conduziram a uma catástrofe humanitária, ainda hoje, difícil de quantificar.

O acidente aconteceu durante um teste de segurança que visava verificar se a turbina do reactor 4 poderia produzir energia suficiente para manter as bombas de refrigeração em funcionamento, em caso de quebra de energia. O reactor de origem soviética, com moderador de grafite, tinha uma instabilidade inerente e, no intervalo de pouco segundos, a reacção nuclear ficou em descontrolo. A água de refrigeração do reactor transformou-se rapidamente em vapor, fazendo explodir as varetas de combustível. Como resultado do incêndio as temperaturas atingiram valores superiores a 2000 °C, o que levou à destruição do núcleo do reactor. A cobertura de grafite do reactor cedeu, conduzindo á libertação dos produtos da fissão radioactiva para a atmosfera, o que criou uma nuvem radioactiva de grande intensidade que contaminou grande parte da Europa.

Nos dias seguintes à explosão foram destacados milhares de trabalhadores, que abriram galerias sob o núcleo, com o objectivo de dominar o incêndio. Neste combate, os trabalhadores utilizaram com “arma” o azoto líquido que foi bombeado para o interior do núcleo em ebulição de forma a arrefecer o combustível nuclear.

Mas o que terá provocado um acidente desta dimensão?

Determinar a causa deste desastre revela-se um exercício bastante difícil porque trata-se de um acidente sem precedentes na história, pelo que não existem pontos de comparação. Contudo, existem duas teorias oficiais sobre a causa do desastre. Estas duas explicações têm como principais características o facto de serem contraditórias, uma relativamente à outra, e de não estarem totalmente correctas.

A primeira teoria, data de 1986 e atribuiu a culpa, exclusivamente, aos operadores. A segunda teoria foi publicada em 1991 e atribuiu o acidente a defeitos no projecto do reactor.

Passados vinte anos sobre o acontecimento, este reactor ainda representa um perigo porque existem, ainda, cerca de 180 toneladas de combustível nuclear sobre uma estrutura com um elevado estado de degradação que pode ruir a qualquer momento. Esta infra-estrutura, o sarcófago, uma cripta de aço e betão, foi edificada sobre o reactor 4 para conter a libertação de radiação, com uma duração máxima de 20 a 30 anos. Com o prazo de validade já a expirar está em fase de construção uma nova estrutura, semelhante a um hangar, que irá selar este material, até que seja possível encontrar uma solução definitiva.

Como resultado da explosão, 31 membros da equipa de Chernobyl e bombeiros morreram imediatamente, ou logo após a explosão. Calcula-se que cerca de 2500 pessoas que moravam nos arredores tenham morrido desde 1986, e milhares ainda sofrem de problemas de saúde relacionados aos altos níveis de radiação produzidos pelo acidente. Três milhões e meio de pessoas foram evacuadas da Ucrânia.

A longo prazo, os efeitos de Chernobyl no meio ambiente e na saúde pública são uma incógnita, ainda que alguns especialistas já observem uma intensificação de certas doenças, como o cancro da tiróide, entre adultos nesta região, onde ainda permanecem cerca de cinco milhões de habitantes, apesar de serem áreas… contaminadas.

Por: António Costa

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