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120 “eleitores” escolhem o próximo presidente do IPG

“Campanha eleitoral” termina hoje, realizando-se amanhã escrutínio entre Jorge Mendes e Joaquim Brigas

Pelas contas de Joaquim Brigas, a Guarda está a perder quase 499 mil euros, por mês, devido à diminuição do número de alunos no Instituto Politécnico nos últimos seis anos. «É um montante que estudantes e professores gastariam na cidade se o IPG continuasse a crescer. E é demasiado alto para não ser ignorado», afirmou o candidato na passada terça-feira, durante a apresentação do seu programa à comunidade. Enquanto isso, o seu adversário, Jorge Mendes, preferiu acções mais individualizadas, desdobrando-se em jantares e encontros com funcionários, estudantes e professores. A “campanha eleitoral” termina hoje, decorrendo amanhã, pelas 11 horas, a eleição do próximo presidente do Politécnico.

A decisão que está nas mãos de 120 representantes da comunidade (24), dos funcionários (12), dos docentes (48) e alunos (36). A composição do colégio eleitoral foi fundamentada num parecer jurídico, que atribui 44 votos à Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), 30 à Escola Superior de Educação (ESEG), 20 à Escola Superior de Turismo e Telecomunicações (Seia), 19 à Escola Superior de Saúde e 7 aos Serviços Centrais. Estes números resultam de um cálculo proposto no parecer jurídico, de acordo com a aplicação do método de Hondt a cada categoria profissional nas respectivas escolas, respeitando a sua dimensão. Na origem da repetição destas eleições está a contestação da vitória de Jorge Mendes, em Março de 2004, por três votos de diferença e à segunda volta, sobre Joaquim Brigas, que impugnou o resultado, alegando que o colégio eleitoral tinha violado as regras da proporcionalidade na designação dos representantes dos diversos corpos que integram o IPG e da representatividade de cada uma das Escolas Superiores consoante a sua dimensão.

«O que se passou nos últimos três anos é para esquecer», afirmou o actual director da ESEG, que responsabiliza o seu adversário pela perda de «prestígio, credibilidade e alunos» no IPG. «Desde 1999/2000 que o Politécnico da Guarda está abaixo de Castelo Branco, Viseu ou Bragança. Curiosamente, é um período que coincide com a presença do outro candidato, primeiro, na vice-presidência e, depois, na presidência da instituição», realçou. Para Joaquim Brigas, as comparações com os Institutos vizinhos deixam o IPG «muito mal» em termos de cursos e alunos. «Os números são indesmentíveis. Entre 2001 e 2007, quando os outros cresceram, registam-se menos 837 alunos na Guarda», sublinhou, garantindo que o cenário seria bem pior se não fosse a integração da antiga Escola de Enfermagem. «A situação é um desastre», considerou, voltando a defender a necessidade da redistribuição das vagas pelas áreas mais procuradas e a clarificação das ofertas formativas de cada unidade orgânica. «Comigo, o IPG deixa de marcar passo, porque há uma estratégia, projectos e vontade de desenvolver a instituição», prometeu a uma plateia onde prontificaram autarcas do PS e PSD, empresários, dirigentes associativos e professores.

Jorge Mendes mais discreto

Por sua vez, Jorge Mendes tem preferido uma estratégia mais recatada. Além de reuniões formais com elementos da comunidade e dirigentes de instituições e autarquias do distrito, o candidato deu mais importância ao universo politécnico. Ali tem recusado as culpas que Joaquim Brigas lhe tem imputado, responsabilizando-o pelo clima de conflitualidade que tem marcado a vida da instituição nestes últimos anos. «A questão central no IPG tem sido essa conflitualidade que transita para a opinião pública pelo meu opositor. É bom que se saiba que existe actualmente uma forte ligação entre três dos quatro directores de escolas e o presidente do Instituto, bem como uma boa articulação com os Serviços de Acção Social e com os estudantes. Desse ponto de vista, aquilo que tem sido mais negativo é uma imagem que alguém quer fazer passar – e não sou eu – de que o IPG bateu no fundo e não tem alunos… Isso é falso», disse em entrevista a “O Interior”.

De resto, Jorge Mendes não tem dúvidas de que vai ser reeleito. E se tal acontecer, garante que vai mudar a «gestão interna» do Politécnico assim que a proposta de Lei do Ensino Superior entrar em vigor, pondo um ponto final na autonomia administrativa e financeira das escolas. Por outro lado, promete a elaboração de um plano estratégico 2008-2012, a realizar pela Universidade Politécnica da Catalunha. «Será um instrumento fundamental que será elaborado até Dezembro e que visa os mais diversos domínios de investigação, do tipo de formação que pretendemos», disse. O candidato – que esteve incontactável na terça-feira – assumiu ainda como prioridade, entre outras, a construção da Escola Superior de Saúde no campus do IPG e de uma residência de estudantes em Seia.

Luis Martins

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