P – O distrito da Guarda está a ser assolado por uma vaga de calor?
R – O que se está a passar ainda não é uma vaga de calor, para isso teríamos que ter cinco dias consecutivos com temperaturas muito altas. O que se prevê é que sejam só três dias (de terça até hoje), para além de que a vaga de calor não está prevista para esta região. As máximas previstas para aqui rondam os 30º, se fosse uma vaga de calor teriam que ser acima dos 38 graus centígrados. Mesmo noutros anos, em que houve temperaturas muito altas, nós fomos sempre muito poupados.
P – Com o Verão e as ondas de calor à porta, que cuidados devem tomar as pessoas?
R – Em primeiro lugar, as pessoas devem proteger-se do calor, principalmente nas horas de maior incidência do sol, entre as 14 e 16 horas. Se possível, devem estar protegidos em locais fechados, em casa ou no trabalho, para não se exporem ao sol. Depois, há também a tendência para vestirmos menos roupa, o que não está muito correcto. Em vez de nos despirmos, devemos vestir roupa leve e de algodão. Nas zonas do corpo mais expostas devem usar-se cremes de protecção solar de elevado grau, sempre acima do índice 40 para ser eficaz. Menos do que isso é brincar às protecções. Depois devem ingerir-se mais líquidos do que o habitual, desde que não sejam bebidas alcoólicas. A água, infusões frescas ou sumos de fruta naturais é o ideal. As crianças e os idosos terão que ter outros cuidados. As primeiras porque não sabem proteger-se e não têm a noção do calor, logo são mais sensíveis. Os idosos porque de, uma maneira geral, não bebem muitos líquidos.
P – Que doenças podem surgir associadas ao calor?
R – A maioria das doenças estão relacionadas com a desidratação e os problemas de pele, como as alergias ou cancro. Muitas destas doenças reflectem-se mais quando as pessoas vão para a praia e passam o dia todo expostos ao sol, sem beber líquidos em quantidade suficiente. Sabe-se que a exposição ao sol pode aumentar o cancro da pele. Quanto a casos específicos, não sei se há no distrito. Agora sei que os dermatologistas dizem que o cancro da pele tem aumentado muito nos últimos anos.
P – Os serviços de saúde do distrito estão preparados?
R – De uma maneira geral estão bem preparados, pelo menos quero acreditar que está tudo a postos. Foram distribuídos por todos os centros de saúde do distrito diversos panfletos informativos, para além de informação acrescida dirigida aos técnicos de saúde. Entretanto, os centros de saúde estão a alertar os centros de dia, creches ou lares de idosos da sua área de influência para os cuidados a ter. Foi igualmente solicitado um reforço ao nível dos serviços de urgência na hidratação dos doentes.
P – A água do distrito ainda tem muitos problemas?
R – Já temos muitas zonas cujas populações estão a ser abastecidas por autotanques, porque o abastecimento tradicional não funciona. A situação é crítica para essas pessoas. No entanto, o que está a acontecer na maioria dos casos é que esta água tem melhores condições do que a que bebiam localmente. Mas, também, é verdade que o distrito tinha muitas zonas com água imprópria e por isso está a ser feito um grande esforço para melhorar.
P – Com a abertura da época balnear, as praias fluviais da região estão em boas condições?
R – Este ano a Sub-Região de Saúde não vai fazer vigilância nas parias fluviais, porque o Ministério do Ambiente tem um programa de controlo que está muito bem implementado. Como os nossos serviços se sobrepunham no ano passado, optámos por só colaborar. Mas vamos acompanhar todo o trabalho que vai ser desenvolvido pelo ministério ao nível de colheitas, os resultados são depois facultados à Sub-Região de Saúde.