Os autarcas do Douro Internacional ficaram a saber, na última segunda-feira, que poderão em breve ter o segundo parque nacional do país, mas o novo estatuto foi insuficiente para calar as críticas ao plano de ordenamento aprovado na véspera pelo Governo. Num encontro em Barca d’Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, com o ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, os presidentes de Miranda do Douro, Freixo de Espada à Cinta, Figueira de Castelo Rodrigo e Mogadouro, que integram o parque, disseram estar dispostos a perder «fauna e flora, mas não gente».
Todos receiam ter «o melhor parque do mundo no papel, mas sem gente». É que o documento aprovado não atende a contestação e contra-propostas de três anos de discussão, garantem os autarcas. O governante afastou qualquer possibilidade de reanalisar o plano, mas sustentou que «o trabalho não acaba com o plano, começa agora. O que está na ordem do dia é o plano de gestão do parque, e isso vai ser feito em colaboração estreita com os autarcas», disse a “O Interior” à margem da inauguração da Estação de Tratamento de Águas do Sabugal. Nunes Correia considerou ainda ter havido «qualquer mal-entendimento» da parte dos autarcas, que «se calhar admitiram que queríamos passar por cima da vontade deles». Nada disso, sustentou, alegando que os parques naturais «só podem ser feitos com o envolvimento e colaboração de quem lá vive». O ministro prometeu então «colaborar, ouvir, debater e tentar ao mesmo tempo mostrar às pessoas que é preciso ter cuidado com o património natural, cultural e construído desta região». E anunciou que o Governo está empenhado em reforçar no próximo quadro comunitário de apoio os incentivos a estas zonas com um dupla discriminação positiva: pela interioridade e por estarem integradas num parque natural, embora não tenha especificado as medidas.
O presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, Armando Pinto Lopes, aproveitou a ocasião para dar conta do projecto de recuperação de um dos edifícios da estação ferroviária, desactivada há mais de 20 anos. Está prevista a criação de um centro de acolhimento e de interpretação do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), mas o que gostava era de ver reactivada a linha. O Douro navegável leva ali cerca de 40 mil turistas por ano, enquanto que por estrada chegam também da vizinha Espanha quase 30 mil visitantes, pelo que Armando Pinto Lopes acredita que o comboio poderia atrair muito mais gente. Tanto mais que os espanhóis vão requalificar a via até à fronteira.