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O Oriente aqui tão perto

Restaurante “A Grande Muralha” foi o primeiro estabelecimento chinês da Covilhã

Não fossem os “olhos em bico”, e Miguel passava sem quaisquer problemas por português. Adoptou um nome típico, domina a língua e já se acostumou aos hábitos lusos. Outra coisa não se poderia esperar, uma vez que vive em Portugal há 16 anos.

Com 24 anos, o gerente do restaurante “A Grande Muralha”, na Covilhã, diz mesmo conhecer mais a cultura portuguesa que a chinesa. «Saí da China com 8 anos, pelo que pouco me recordo. Tudo o que sei da nossa cultura é transmitido pelos meus pais», conta o jovem Zhu Jiegeng. «Adoptei o nome de Miguel porque é mais fácil os clientes compreenderem. Se usasse o meu nome verdadeiro, esqueciam-se logo na hora», explica o jovem, na Covilhã desde 2000. Antes passou pelo Porto e depois imigrou para Castelo Branco, onde a sua família possuiu também um restaurante. A “Grande Muralha” foi de resto o primeiro estabelecimento chinês a surgir na Covilhã, em 1996, e desde então manteve sempre a mesma gerência: os seus pais e um sócio. Apesar da crise também lhes “bater à porta”, o negócio continua a «andar». «Há uns anos havia mais clientes», relembra, considerando no entanto ser possível manter o negócio pois há sempre clientes.

Apesar de, como qualquer emigrante, manter o sonho de regressar à terra natal, o jovem não se arrepende «nada» de estar em Portugal, e especialmente na Covilhã. «Os clientes são muito simpáticos e as pessoas daqui são muito mais amigáveis», aponta, admitindo que uma das maiores vantagens em viver numa cidade pequena é «passar na rua, reconhecerem-me e dizerem “olá”». Apesar de não ser a sua área de negócio, Miguel considera que a invasão de lojas chinesas em Portugal se deve a uma simples razão: «Os chineses importam os produtos e vendem-nos aqui a preços mais baratos». Um negócio rentável, pois então. No centro da cidade, pode-se encontrar um grande centro comercial de produtos chineses – desde roupa a comida, passando por materiais de “bricolage” a artigos para o lar. Já existiram duas lojas do género na cidade, mas apenas esta, com um ano de existência, resistiu.

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