O renascimento de “corpo e alma” da vila de Unhais da Serra iniciou-se na última segunda-feira com o lançamento da primeira pedra do complexo termo-lúdico que deverá estar pronto no final de 2006. A obra promete não só remodelar as actuais termas, mas também alterar o urbanismo da vila e o comportamento dos seus habitantes para que o empreendimento seja um sucesso. «Isso só acontecerá se a população começar a pensar em termos turísticos. Não quer dizer que a vila tem que estar engalanada, mas terá que ser repensada», apelou Luís Veiga, adiantando haver já um acordo com o departamento de Sociologia da UBI para desenvolver esse trabalho.
«Os nossos clientes serão de estadia prolongada e não irão passar 24 horas por dia no hotel. Vão querer percorrer a vila e encontrar casas de artesanato, tasquinhas e tudo o que há de genuíno em Unhais. As pessoas têm que pensar no que é genuíno, porque se se perder isso, perdemos os turistas», alertou o empresário e sócio do grupo IMB, promotor do empreendimento. O complexo termal irá mudar não só a vila, como o concelho e a própria região, e tudo aponta para que seja um sucesso por ser «inovador e único» em todo o país. Trata-se de uma construção de raiz da autoria do arquitecto Jorge Palma e englobará um hotel de quatro estrelas com 78 quartos (dos quais seis suites), espaços modulares para reuniões e congressos, salões polivalentes, restaurantes e áreas destinadas às artes tradicionais, centro termal com equipamentos modernos, zona de bem-estar, “fitness”, centro de estética vocacionado para a dermo-estética, piscinas internas e externas.
«É muito idêntico ao que está a ser praticado na Europa», adiantou Luís Veiga, sublinhando que o empreendimento será promovido nas principais cidades da raia espanhola e em Portugal para atrair os turistas que buscam este tipo de tratamento. A obra foi adjudicada à empresa Certar, que vai começar já a construir o esqueleto do empreendimento. «Deverá estar tudo montado até Outubro. Depois haverá mais um ano para acabamentos e creio que no final de 2006 teremos o empreendimento pronto a funcionar», referiu o empresário. O investimento privado ronda os 10 milhões de euros, sendo que a Câmara da Covilhã irá aplicar mais dois milhões de euros em infraestruturas e acessibilidades.
Teleférico em perspectiva
A construção deste complexo abre a porta a outros investimentos para fazer da vila uma estância termal «ao nível das melhores da Europa». Pelo menos assim acredita o agora deputado Carlos Pinto, que marcou presença na cerimónia. Falando na qualidade de ex-presidente da Câmara – cargo que voltará a ocupar dentro de dois meses, anunciou mais acessibilidades para a zona, como a construção da ligação Unhais-Nave de Santo António, o primeiro troço do IC6 (Covilhã-Unhais) e um possível teleférico entre a vila e as Penhas da Saúde. «A Câmara tem muita confiança no próximo Quadro Comunitário de Apoio, pois dará relevo a estruturas complementares de zonas turísticas, caso dos transportes e acessibilidades. Estou convencido que encontraremos aí capacidade financeira para lançar acessos alternativos à vila e ao maciço central da Serra da Estrela», adiantou. O sonho de concretizar um aeroporto regional continua igualmente na mente de Carlos Pinto, que anunciou ainda a construção da ponte sobre a ribeira de Unhais e parques de estacionamento. De resto, pretende ainda propor à Câmara uma homenagem a Manuel Brancal no Dia da Cidade por ser um «empresário de prestígio, que muito fez para desenvolver o concelho, criar postos de trabalho e riqueza».
Liliana Correia