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Lars Hollmer, Miriodor e Arena em Gouveia

Festival de rock progressivo este fim-de-semana com oito concertos, uma feira do disco e um debate

O sueco Lars Hollmer, os canadianos Miriodor e os britânicos Arena são este fim-de-semana os cabeças-de-cartaz do III Gouveia Art Rock, o único festival português de música progressiva. A edição deste ano vai ser a maior de sempre com oito concertos, «do revivalismo puro à música de vanguarda», e várias actividades paralelas, garante a organização, uma parceria entre a autarquia da “cidade-jardim” e a associação Portugal Progressivo.

O evento, que decorre no Teatro-Cine, ficará marcado pelas estreias mundiais dos novos álbuns dos Arena, “Pepper’s Ghost”, e dos Miriodor, ainda sem nome, bem como o lançamento oficial de “Dellirium”, o novo disco dos portugueses Tantra. O Gouveia Art Rock 2005 vai contar também com as actuações dos Amarok (Espanha), French TV (Estados Unidos), Trape-Zape (Portugal), The Watch (Itália) e, a fechar, os Univers Zéro (Bélgica), «uma das mais originais e prestigiadas bandas do progressivo mundial», destaca a organização. Paralelamente, será lançado um DVD com três horas seleccionadas dos concertos do Gouveia Art Rock do ano passado e haverá uma exposição bibliográfica sobre este género musical, instalações de vídeo-arte, uma feira do disco progressivo e um painel de discussão sobre a evolução do rock progressivo.

O debate realiza-se no auditório da Biblioteca Vergílio Ferreira, no domingo de manhã, com Thomas Olsson (musicólogo, Universidade de Lund – Suécia), David Oberlé (ex-vocalista e baterista dos britânicos Gryphon), Pascal Globensky (músico dos Miriodor), Manuel Cardoso (músico dos Tantra), Fernando Magalhães (crítico musical do “Público”) e Samuel Jerónimo (compositor). Em destaque no festival deste ano estarão os Univers Zero e Miriodor, duas bandas herdeiras das premissas estéticas do movimento RIO (Rock In Opposition), que surgiu nos anos 70. Os belgas, autores de um rock de câmara de recortes góticos e electrónicos, têm em “Ryhtmix” e “Implosion” os seus trabalhos mais recentes, mas ficaram conhecidos com o clássico “Ceux du Dehors”, editado em 1980. Os canadianos, com raízes mais próximas do jazz, gravaram, entre outros, “Miriodor”, “3e Avertissement” e o mais recente “Mekano”. Outra presença de vulto é a do multi-instrumentista sueco Lars Hollmer, fundador dos Samla Mannas Mama e lenda viva do folk progressivo.

Caberá aos espanhóis Amarok inaugurar o festival no sábado à tarde, estando programados quatro concertos no primeiro dia, nomeadamente os dos Arena, Lars Hollmer e Miriodor. No domingo subirão ao palco os portugueses Trape-Zape, The Watch e Univers Zéro. O rock progressivo, também conhecido como sinfónico ou art rock, surgiu no final dos anos 60 como estética musical, mas foi na década seguinte que se assumiu como fenómeno popular, evoluindo desde então para muitas ramificações, como o rock sinfónico, art rock, rock neo-clássico, rock de câmara, jazz rock, rock-in-opposition e progressivo de fusão. Foram bandas como os Genesis, Yes, Pink Floyd, King Crimson, Van der Graf Generator e Jethro Tull que trilharam esse apogeu, mas o género é hoje um fenómeno “underground” da música. Em Portugal, foram muitos os músicos que compuseram e tocaram rock progressivo-sinfónico, como os Petrus Castros (do fundador dos Arte e Ofício e Trabalhadores do Comércio, Sérgio Castro), Saga, Homo Sapiens e Tantra (ainda em actividade), mas o álbum mais aclamado continua a ser “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”, de José Cid.

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