Não há galos nem galinhas perfeitas. Isso não há. O que há é uma série de pássaros, passarinhos, passarões, mochos, gaviões, palmípedes, corredouras e outras aves de rapina que, a leste do paraíso, adotam coloração diforfisma, de penas iridescentes, assumindo um protagonismo digno da vã glória de mandar ou a vã cobiça. É evidente que por mais poedeiras que sejam, essas pitas não conseguem ser tão bonitas como as nossas.
Pelo sim, pelo não e, nos entretantos, vamos testemunhando, de forma privilegiada, uns tantos casamentos bicolores (onde se mistura o rosa choque com a laranja azeda) vestindo, todos eles, indumentária super-fashion, deixando antever uns tantos e quantos affaires, contando estórias de conteúdo velho e estafado, da tal Alice (a do país das mil e tantas maravilhas) e também do admirável reino do Marão.
Com o calafrio de Torga, o penedo já falou e o grande oceano megalítico ordenou: Entra. E todos eles entram. Com toda a liberdade que o poder político lhes dá, repetindo a tal história que é, nem mais nem menos, a historieta do passado neste hino à nossa permissividade, com a eterna promessa (inquestionável) das tais costeletas de pulga e do coração de um simples piolho.
Habituemo-nos a ver os Guerras, Cardotes, Vitorinos, Assis, Barbosas, Mouras, Meirinhos, Matias, Frasquilhos, Valdezes, Seguros, Campos, Marias, Anas e mais outros tantos servirem-se e, depois disso, darem de frosques, esquecendo de imediato (deixem que diga isto de forma politicamente correta) os territórios de baixa densidade, a que se somam os Linos, os Carlos Rodrigues, que penosamente vieram servir-nos, ajudar-nos, com os seus estimáveis préstimos (devemos ficar eternamente reconhecidos) neste distrito que foi, e ainda é, o maior exportador de inteligência.
Neste mercantilismo de conveniência, pactuado pelo grande irmão (o tal que continua a fazer questão de zelar por nós), o estatuto continua a ser: o nascer cá o pai, a mãe, o avô, a avó, a tia, o primo ou os sogros serem de cá, e na volta, escolhendo o agradecimento necessário, a valsinha das medalhas, iremos atribuir, a todos eles, a célebre e única distinção que temos “a ordem de mérito evidente”, verificando-se que a ambição não pode ser considerada acidental, é (seguramente) hipócrita, assumindo o controlo deste rincão, neste estado unitário onde não há fronteiras, venham eles de Lisboa, das Caldas, da Covilhã ou de Coimbra gozando dos mesmos direitos e tendo por obrigação os mesmos deveres.
Olhamos depois para a saúde dos mais velhos: a avó Mariana (em vez do Covid) está com uma grande bezana e os Porquinhos da Ilda fazem o diagnóstico que o avô Anacleto tem problemas no olho e no reto, concluindo (de forma deveras inteligente e chicaesperta) que isto nunca mais chega ao Texas, ficando a Micaela a chupar eternamente no dedo.
As quintinhas são outro fator a considerar. Cada um cultiva a sua, olhando de soslaio, com laivos de inveja, para a quintarola do vizinho, mas… (há sempre um mas), basta uma simples palavra, um simples gesto ou um pequeno toque na pontinha do calo. Curiosamente, ou talvez não, todos eles têm um sininho, todos eles sabem tocar a rebate, todos eles leram pela mesma cartilha e, todos eles juntos têm uma força do caraças. São estes os proprietários da Quinta do Bill. São estes os filhos da nação.
Já agora… No meio de 140.000 utentes que corresponde a população dos 13 concelhos da área de intervenção da ULS da Guarda e, para não falar em paraquedas e paraquedistas, a pergunta é inevitável: não há por cá uma alma, uma simples alminha, com capacidade para assumir a presidência dessa Instituição. C’um raio e com um corisco…