Numa altura em que muitos municípios equacionam o aumento das tarifas da água por causa da seca, o grupo promotor do abaixo-assinado contra os preços cobrados pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) da Covilhã voltou de novo ao protesto, entregando desta vez a Carlos Pinto três mil postais assinados contra os «preços exagerados».
Os postais, que continham uma caricatura sarcástica do “Zé Povinho” e um texto a sensibilizar o autarca para rever os preços da água, taxas e tarifas, foram entregues na última sessão pública do executivo camarário. O protesto pretendia ainda relembrar o edil para a promessa feita em Dezembro último de que iria rever a possibilidade de aumentar o primeiro escalão (30 cêntimos por metros cúbico) de três para cinco metros cúbicos, bem como beneficiar as famílias carenciadas. «Estamos a pagar valores exageradíssimos num concelho em que há muitos desempregados, em que as pessoas vivem com dificuldades e ordenados baixos», explicou Mariana Morais, porta-voz do grupo, exigindo ainda a retirada das taxas de resíduos sólidos e de tratamento de esgotos da factura mensal. «Não é por consumirmos mais água que se produz mais lixo. Há estudos da OCDE que provam exactamente isso», justifica.
«Não há alteração do tarifário e ponto final», respondeu, por sua vez, Carlos Pinto, ainda para mais numa altura em que Portugal vive uma situação preocupante de seca. «O problema que se coloca nesse domínio é saber se temos água nas torneiras até ao final do ano», alertou o autarca, adiantando ainda que, no «actual quadro de crise», o problema das famílias numerosas não será considerado nos próximos meses. «A nossa preocupação é continuar a manter o mesmo nível de abastecimento em quantidade e qualidade», disse. Preocupação que levou os SMAS a investir «nos «últimos 15 dias, cerca de 30 mil contos em filtros e novas captações de água», anunciou Carlos Pinto. «Quando há seca, aumenta-se a água. E quando há chuva a mais, porque não se baixa o preço?», questionou Mariana Morais. «Desde 2003 que andamos a fazer grandes poupanças para evitar que as facturam atinjam valores elevados. Somos poupadores por consciência e à força», acrescentou, para lembrar a Carlos Pinto que os consumidores da Covilhã já estão preocupados há muito com esse racionamento.
Apesar de preocupado com a situação de seca, Miguel Nascimento defende uma redução de preços da tarifa, «ou aumentando o primeiro escalão ou aplicando um desconto social para famílias carenciadas», considerou o vereador do PS. «A Câmara Municipal não pode alhear-se dessa questão», acrescentou, esperando para ver o resultado das opções da autarquia na entrega do saneamento à empresa privada AGS Ambiente, da Somague.
Liliana Correia