A cultura constrói-se nas experiências, na exposição a vivências diferentes, na leitura de conceitos, na aprendizagem de profissões e de línguas e de hábitos e habilidades. A cultura é um pilar da razão, do processo racional e envolve memória, ocupa espaço nos fluxogramas da reação aos estímulos. Pode-se chegar a professor universitário e ser um inculto. Parece impossível, mas é uma verdade cada vez mais lata. Um tipo que não vê cinema, não lê livros, não segue revistas nem jornais, não alcança mais que o seu pequeno universo, é um insalubre, um pedaço de asno carregado de uma enxada que lavra a terra mas não lhe diz onde está, para quem trabalha, porque deve seguir as linhas e não saltar. A formidável importância da cultura é uma janela aberta para receber conhecimento, para introduzir criatividade no córtex cerebral, ampliar as soluções de que dispomos para o inesperado, para a resposta na adversidade. Ler é uma ferramenta dos seres humanos, levantar dúvidas é essencial para catalogar o conhecimento, para arrumar as ideias e perceber que há muitos modos de ver a realidade. A certeza, a convicção, que vão de mão dada com o fanatismo revelam incultura, ou cultura inculta, que também existe.