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Miúdos e graúdos rendidos à magia

Magia de mesa e espectáculos de palco com ilusionistas nacionais e internacionais encheram Hotel de Turismo da Covilhã

Passava já das dez da noite quando começou a viagem ao mundo da ilusão no Hotel de Turismo da Covilhã, no último sábado. Miúdos e graúdos aguardavam ansiosamente pelos passes de magia executados por alguns dos 37 ilusionistas nacionais e internacionais presentes no XV Encontro do Grupo de Mágicos de Sintra, que decorreu no fim-de-semana na cidade.

Cartas, elásticos, caixas ou bolas foram alguns dos objectos usados pelos ilusionistas no chamado “close up” (magia de mesa), cujos truques eram realizados nas próprias mesas dos espectadores. Os efeitos realizados a curta distância espelhavam-se nos olhares de fascínio do público. O divertimento e a festa tinham começado. Acompanhado dos pais e da avó, o pequeno João Miguel, de 6 anos, deliciou-se com o truque das bolas: «Tinha apenas uma bola na mão e fez aparecer mais duas», conta, fascinado. Um passe que o levou já a traçar o seu futuro: «Quero ser mágico», confessa. «É mais uma profissão para juntar à de futebolista, médico, enfermeiro e polícia», acrescenta a mãe, Anabela Garcia. «Com tantas profissões, ainda vai para político», ironiza de imediato o pai, Rui Garcia, tão maravilhado com os truques quanto o seu filho. «É espectacular. Desengane-se quem pensa que a magia é apenas para os miúdos. Os adultos também gostam e tudo o que serve para espairecer os problemas do dia-a-dia é bem-vindo», afirma.

E o ilusionismo é, por assim dizer, uma festa para todas as idades. «É dos 7 aos 70», aponta Fernando Marques Vidal, presidente da Associação Portuguesa de Ilusionismo, ao referir que a magia agrada a toda a gente. Opinião semelhante tem o mágico espanhol António Ferragut, um dos mais conceituados no mundo do ilusionismo internacional e cabeça de cartaz do encontro. «A magia permite-nos sonhar. A vida é triste sem ilusão. Quem não gosta de magia, vive de mal com a vida», garante o ilusionista de 62 anos, que prefere trabalhar para públicos adultos do que para crianças. «Todos os adultos têm um complexo de Peter Pan», considera, visto que «todos somos como os miúdos» perante o imaginário e o desconhecido. Ricardo Pereira, de 28 anos, era um dos jovens mágicos presentes no encontro. Contabilista de profissão, faz da magia um “hobby”. Começou a interessar-se pelos truques de ilusionismo por influência do irmão mais velho. Só que, no seu caso, deixou o «apetite normal de criança ir mais à frente».

Adepto da “magia de mesa”, o jovem costuma surpreender os espectadores com um truque fascinante, “A alma da carta”.

“O Interior” presenciou o truque. Escolheu uma carta e memorizou-a. Voltou a colocá-la no baralho e, depois de o ter cortado em cinco partes iguais, o mágico virou uma carta. Estava errada. Engano do mágico? Não. Antes do truque, tinha colocado um pequeno papel junto do espectador com a carta escolhida por “O Interior”: sete de copas. O truque? «É a alma do segredo», sublinha o jovem mágico. O Encontro Internacional de Mágicos juntou ainda técnicos de magia (responsáveis pelos aparelhos e acessórios usados nos truques de ilusionismo), como Toni Klauff, e culminou ainda com espectáculos de magia em palco.

Liliana Correia

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