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Pois, Pois

“MOTIVOS PARA FESTEJAR.” Estas foram as palavras de Ana Manso, líder da distrital do PSD, perante os resultados das últimas eleições em que o seu partido obteve uns míseros 34 por cento no distrito e 27 por cento no concelho. É mesmo provável que, na noite eleitoral, na sede de campanha, se tenham aberto garrafas de champanhe e se tenha brindado ao som do hino do PSD. Pelos vistos, nas hostes laranjas sopram ventos de loucura. Felizmente, ainda não varreram todos os militantes. Rui Quinaz, ex-líder da concelhia da Guarda, afirmou ao Interior da última semana o óbvio: “Ana Manso não é credível nem ganhadora para a Câmara da Guarda”. Aleluia.

Mas eu até compreendo a líder laranja. Bem vistas as coisas, o PSD manteve os dois deputados e, portanto, que se lixe o resto. Por outras palavras, se o tacho está assegurado, que se dane o partido, a credibilidade, a estratégia e o diabo a quatro. Estas minudências não parecem incomodar a boa da senhora. Daí o seu espanto quando alguém lhe perguntou se se demitia. Não, é claro que não se demite. Só se a empurrarem para fora aos berros. Caso contrário, não sai e não sai e não sai…

Em meia dúzia de anos Ana Manso deu cabo de todas as possibilidades do PSD conquistar a câmara nos próximos tempos. Quando aterrou na Guarda, muita gente deu-lhe o chamado benefício da dúvida. Havia uma enorme saturação dos socialistas, que mostravam cansaço e total inércia. Isto, somado com o estado pantanoso dos últimos tempos de Guterres, ajudou-a a obter o melhor resultado de sempre do PSD nas autárquicas na Guarda. Mas esse capital de simpatia foi sol de pouca dura. Mal o PSD chegou ao poder com o fugitivo Barroso, tratou logo de distribuir tudo quanto era tacho por gente que manifestamente não se recomenda. Basicamente, estamos a falar da rapaziada que a apoiou e que não tem, na sua maioria, ponta de prestígio ou credibilidade cá na terra. Apesar da conhecida benevolência do povo nestas matérias, convém não ultrapassar os limites da decência.

Moral da história: Ana Manso é hoje uma figura sem credibilidade e só o seu autismo e o desespero da rapaziada que a acompanha é que não lhe permitem ver o buraco para onde enfiou o partido.

GOLPE CHINÊS FATAL. Procuro um brinquedo. Entro. Avanço. Há de tudo. Roupa. Calçado. Produtos de higiene e limpeza. Rádios. Perfumes. Louça. Colheres de pau. Carteiras. Bolas. Tudo misturado sem nexo. Pago. Um sorriso forçado. A empregada mal fala português e não parece minimamente preocupada com isso. Não há razões para preocupação. Os preços são baixíssimos. O consumidor agradece. E o que não faltam são clientes. É mais uma casa da China. Há seis na Guarda. São a morte anunciada do comércio tradicional.

A Associação Comercial andou por aí há tempos toda excitada e histérica com um quase problema (as obras na Praça Velha) e com um falso problema (a construção de um centro comercial na Avenida dos Bombeiros). Os chineses, sim, são um problema. Um problema sem solução à vista.

POUPEM-ME. Os cavaquistas andam todos muito entusiasmados com a putativa candidatura de Cavaco Silva a Belém. Ora eu, por mais que me esforce, não vejo o que é que a eleição de Cavaco traria de bom para o país. Se bem me lembro, este senhor andou durante anos a pregar as virtudes da estabilidade política. Pois bem, a sua eleição só poderia ser causadora de instabilidade. Os poderes do Presidente da República resumem-se a vetar leis e a dissolver a Assembleia ou a exonerar o primeiro-ministro. Ou seja, se Cavaco for, como a sua natureza indica, um Presidente activo e interventivo, vai ser uma constante fonte de instabilidade para o país.

Por: José Carlos Alexandre

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