As associações que têm ao seu cargo equipas de sapadores florestais admitem extingui-las caso os apoios financeiros continuem a diminuir. Tudo por causa da progressiva redução anual das verbas atribuídas aos sapadores pela Direcção-Geral de Recursos Florestais. É a situação que vive a Associação de Sapadores de Famalicão da Serra, com cinco anos de existência, que tem assistido ao minguar do seu orçamento anual. Quantos mais anos, menor é a fatia orçamental.
«Não sei como vai ser daqui para diante. Estou a ficar muito preocupado com a situação», diz apreensivo Alberto Esteves, responsável pela Associação de Sapadores de Famalicão da Serra. Segundo o modelo em vigor desde Janeiro último, legislado através do Decreto-Lei 94/2004, o apoio anual de cada equipa de sapadores florestais tem o limite máximo de 50 mil euros no primeiro ano de actividade, regredindo depois este montante em dez por cento por cada ano de funcionamento até ao quinto ano de actividade. A partir daqui, o subsídio anual é fixado em trinta por cento do montante máximo, «o que significa que vamos receber somente 15 mil euros por ano», contabiliza aquele responsável. Como não têm outras receitas, para além do subsídio da Câmara da Guarda, perspectiva-se já um «cenário negro» para o futuro dos sapadores de Famalicão, queixa-se Alberto Esteves. Feitas as contas, o montante total «é muito pouco para o funcionamento de uma equipa de sapadores florestais, nem chega para o combustível», garante. «Será difícil sobreviver», acrescenta, pois não dispõem de outras fontes de rendimento para poderem suportar os custos de manutenção dos equipamentos. Tudo vai agora depender do subsídio camarário, já que a associação ainda desconhece a quantia atribuída este ano. Mas faltam também outras receitas que permitam manter as equipas: «Hoje, as pessoas não pagam pela limpeza dos terrenos», exemplifica.
A Associação de Sapadores de Famalicão da Serra é constituída por uma brigada com quatro elementos, que ainda não sabem se vão conseguir «chegar à época do Verão», admite Alberto Esteves. Já Daniel Vendeiro, responsável pela Associação de Sapadores de Fernão Joanes, ainda não está muito preocupado. «Por enquanto, vamos conseguindo sobreviver com esse subsídio e com a ajuda da autarquia», respira de alívio, tanto mais que é uma associação nova e que ainda não está sujeita aos cortes orçamentais. «Mas daqui a alguns anos, somos capazes de vir a ter os mesmos problemas que as restantes», admite. Como os sapadores prestam a primeira intervenção no combate às chamas, Daniel Vendeiro discorda da legislação, que «coloca em risco muitas associações». Neste momento dispõem de duas brigadas de sapadores florestais, constituídas por cinco elementos. Com o tempo seco e o grau de humidade muito baixo, os fogos estão a chegar mais cedo, por isso, Daniel Vendeiro está apreensivo com o que aí vem. «A situação está a tornar-se muito perigosa», refere, recordando que na última sexta-feira passaram o dia num incêndio em Videmonte. Se diminuem os subsídios, por consequência, diminuirão os sapadores, «mas não vão conseguir acabar com os incêndios», lamenta.
Patrícia Correia