As pessoas pareciam andar longe das inquietações dos governantes na obsessiva preocupação com as contas públicas.
As funções básicas do Estado que acodem ás urgências das pessoas descuradas e iludidas pela engenharia da desorçamentação, que procurava enganar e mascarar as contas que o Estado apresentava ao povo.
Mas os ventos da história sopraram apocalípticos para quem não soube antecipar os tempos.
Tempos de incerteza aguda, que vivemos em todos os domínios, exigiram uma rápida, progressiva e complexa alteração de prioridades públicas. A saúde das pessoas está agora no centro de todas as preocupações, numa tensão permanente, com a busca desesperada de segurança que elimine completamente a incerteza dos tempos. É a lei da natureza a abrir brechas em muitas torres de marfim.
Num mundo em que a socialização da vida é crescente. A interdependência é progressiva e as estruturas sociais cada vez mais extensas. Adivinham-se problemas sociais e económicos de que se mostram já sinais. Vão crescer as dificuldades e faltar as coisas. Empresas que fecham portas. Desemprego e carência nas pessoas. A terra um deserto. A natureza esmagada.
A ilusão de que o Estado tem dinheiro para acudir às urgências económicas esbarra na teia de burocracia ali colocada para esconder as dificuldades. São tempos novos, mas processos velhos. O drama de esperar por nada. A espera sem sentido à espera que acabe.
A história não é um romance. Não basta imaginar e compor. Tem um preço e obrigações para aceitar. Numa prestação interminável. A mudança de caminho também não é gratuita. Muda o risco, muda o preço. Não haverá futuros fáceis.
Todos temos de percorrer o caminho da coragem. Olhar o mundo em processo de mudança. Lutar para reinventar. Acreditar, acreditar que é possível.
Porque há sempre um amanhã. E amanhã sempre tudo estará melhor.
* Antigo presidente da Câmara de Trancoso e atual presidente da mesa da Assembleia Distrital do PSD da Guarda