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Azeite kosher “Ribeiro Sanches” segue para a América

Produto da “Penazeites” foi lançado no domingo em Penamacor e já tem encomendas para o mercado estrangeiro

A presença dos judeus na região voltou a ser recordada no último domingo com o lançamento do azeite “Ribeiro Sanches” pela “Penazeites – Azeites Tradicionais, Lda”, em Penamacor, o segundo produto confeccionado em Portugal segundo os preceitos judaicos após um interregno de quase 600 anos. Nesta primeira fase foram produzidas quase 30 mil litros de azeite kosher, que ostenta o nome do cristão-novo Ribeiro Sanches, um dos grandes vultos da história da medicina mundial e natural de Penamacor. 300 caixas de azeite vão seguir «ainda esta semana» para os Estados Unidos, revela Alfredo Ferreira, um dos administradores da empresa, havendo também a possibilidade de exportações para os mercados de Israel e Brasil.

«Estamos a contribuir para a identidade da Serra da Estrela», destacou, por sua vez, Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) e um dos maiores impulsionadores do projecto, ao justificar a aposta neste produto. «Os produtos irão fortalecer ainda mais a rota das antigas judiarias e o turismo cultural na Serra da Estrela», salienta, adiantando que a abertura da sede dessa rota, o Museu Judaico de Belmonte, estará pronta «dentro de dois meses». O sucesso do vinho “Terras de Belmonte”, da Adega Cooperativa da Covilhã, «que conseguiu vender mais de 100 mil garrafas no mercado americano», justifica, segundo Jorge Patrão, a aposta das empresas da região na confecção destes produtos. «Já temos vários produtos e produtores interessados. Isto alastrou a todo o país», confessa o presidente da RTSE. Mel, frutas secas, iogurtes, leite e bolachas são alguns dos produtos em perspectiva para os próximos tempos. «O vinho foi o começo dos produtos kosher», salienta o ex-rabino de Belmonte Elisha Salas, para quem todas as portas estão agora abertas.

«O vinho é o produto mais difícil, pois tem que ser vistoriado 24 horas pelo rabino e ser feito apenas pelos judeus. No processo do azeite, que exige menos trabalho e tempo, podem trabalhar os funcionários do lagar com a supervisão do rabino», refere. Para o rabino, a «maior alegria é que os judeus vão poder comer produtos portugueses após um interregno de quase 600 anos», disse numa cerimónia que contou com a presença de D. Duarte, Duque de Bragança. «Este é um «momento histórico para os portugueses e para quem começou este sonho difícil», frisou.

Associação de Produtores Kosher criada em Abril

A Associação de Produtores “Kosher” deverá ser apresentada oficialmente, no Porto, em Abril, garantiu o rabino Elisha Salas, actualmente na sinagoga da Invicta. A escritura para a sua constituição está a ser desenvolvida para que, em breve, «todos os produtores do país possam unir-se para desenvolver produtos judaicos». O principal objectivo da sua criação é a abertura de novos mercados, nomeadamente em Israel e EUA, e o «aperfeiçoamento» dos produtos, salienta, recordando que a futura associação surge após o sucesso alcançado pelo vinho kosher da Adega da Covilhã. A par do “Terras de Belmonte”, a cooperativa vai também comercializar uma nova marca designada por “Sefarad”. A associação será apoiada pelo rabino e pelas comunidades judaicas existentes em Portugal, que terão a «responsabilidade de sugerir o aperfeiçoamento do produto e de canalizar a venda para o estrangeiro, pois o mercado judaico é muito exigente», acrescenta.

Liliana Correia

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