Ana Manso, líder distrital do PSD e cabeça de lista pela Guarda às legislativas do último domingo, reconhece que a nível nacional «as coisas não correram bem» ao partido, mas, já no plano distrital, recusa admitir o mesmo cenário, considerando até ter «motivos para festejar», fruto do «bom resultado no contexto nacional». O que é certo é que no distrito o PSD obteve 34,63 por cento dos votos, contra os 46,71 do PS, o que significa menos 13.580 votos em relação às eleições de 2002. Já no concelho da Guarda a derrota social-democrata foi bem mais notória, com apenas 27,27 por cento da votação, contra 51,79 do PS. De resto, o PSD só derrotou o PS em cinco concelhos.
Ana Manso considera que na Guarda o PSD «aguentou-se muito bem», porque elegeu dois deputados, o que é «gratificante». «Gostávamos de ter mais e melhor, mas é claro que a Guarda foi um dos distritos que se aguentou muito melhor no “ranking” nacional nestas legislativas», frisa. Assim sendo, não encara estes resultados como uma derrota pessoal, «antes pelo contrário», realça, garantindo ter recebido da «esmagadora maioria» dos autarcas felicitações pelo trabalho desenvolvido na campanha. «Não há nenhuma sintonia entre aquilo que nós vimos, ouvimos e lemos por todo o distrito, e os resultados eleitorais», sublinha, dizendo-se por isso «surpreendida» com a maioria absoluta conquistada pelo PS. Assim, demitir-se da liderança da distrital guardense não está, «de todo», nos seus horizontes: «Gosto de trabalhar. Fui novamente eleita deputada. Tenho um bom resultado no contexto nacional e apenas motivos para festejar», adianta. Num discurso feito com o barulho das buzinas da vitória socialista em pano de fundo, Ana Manso não deixou de felicitar o PS e José Sócrates pela vitória nas legislativas.
Em relação a motivos que possam justificar a derrota do PSD, a líder distrital aponta várias razões. Os resultados reflectem o «descontentamento geral provocado pela crise económica e social e pelos esforços e sacrifícios levados a cabo nestes três últimos anos sem que os portugueses tenham sentido os efeitos positivos desses mesmos esforços que os Governos do PS nos obrigaram a fazer», aponta. Outro motivo invocado foi a «instabilidade» provocada pela dissolução da AR. Por último, os resultados do último domingo também são a «constatação da falta de unidade, ainda que aparente no PSD», tanto a nível nacional, como local, «onde não se discutiu internamente, mas nos orgãos de comunicação social, o essencial, a estratégia e os problemas dos habitantes do distrito da Guarda».
Independentemente dos resultados, «vamos continuar a falar verdade aos guardenses e a lutar para defender os interesses de todos, sempre pela positiva», para que o distrito da Guarda seja uma «prioridade nacional». Agora que vai passar a ser oposição, Ana Manso promete ser «implacável contra quem se atrever a pôr em causa as conquistas já conseguidas», casos, entre outros, da construção do novo Hospital da Guarda, da Escola Superior de Saúde, do Museu Nacional da Saúde, do Museu do Côa ou do não pagamento de portagens para os residentes «em todo o percurso» da A23 e da A25.
Ricardo Cordeiro