As contrariedades financeiras, fiscais e administrativas do PolisGuarda têm sido a marca dominante do programa na cidade. Quase cinco anos depois do projecto ter sido apresentado, os responsáveis falam agora em menos 40 por cento das verbas previstas no Plano Estratégico promulgado em Novembro de 2000. A sociedade tem ordens para «minorar ao máximo as despesas de fornecimento», diz António Saraiva, acrescentando que está mais endividada porque o Estado, accionista principal, «não cumpriu compromissos financeiros». E continuam por pagar os dois milhões de euros por causa do novo quartel dos bombeiros, aguardando o respectivo cheque no Ministério das Finanças por uma assinatura. «Falta saber quem o vai assinar, se o Ministério da Administração Interna se o Ministério das Cidades», explica o director-executivo da sociedade.
É neste cenário de indefinição que se perfila no horizonte a extinção da sociedade, prevista para Setembro de 2005. «Nessa altura, a situação económico-financeira terá que ser zero», sublinha, recordando que serão as autarquias que vão ficar com a segunda fase do projecto através de contratos-programa com o Estado. Contudo, em termos de balanço, António Saraiva considera que o actual Governo «não acarinhou os programas Polis, mas tolerou-os muito ao de leve, porque os assuntos que lhes dizem respeito são tratados levianamente». Nesse sentido, refere que o presidente do Conselho de Administração ainda não está formalmente indigitado [presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro]. Antes de saber que o Plano de Pormenor do Parque Urbano do Rio Diz não tinha sido aprovado em Conselho de Ministros, o director-executivo do PolisGuarda acreditava ser viável apontar o próximo Verão como data de conclusão desta primeira fase da intervenção. Mais uma expectativa defraudada. O que já é certo é que esse projecto, que devia fazer a transição entre a Guarda-Gare e o Centro Histórico, vai ficar «um pouco amputado em termos de atractibilidade porque alguns dos seus empreendimentos mais emblemáticos não irão, por enquanto, concretizar-se. Mas deve-se insistir para que o estava previsto se concretize e não deixar cair no esquecimento este pólo de desenvolvimento da cidade», defende o arquitecto.